A exposição noturna à luz azul é normalmente considerada prejudicial ao sono. Porém, um novo estudo sugere que essa iluminação não é tão nociva a uma boa noite de descanso como se pensava.
A pesquisa foi publicada em 22 de dezembro na revista Nature Human Behaviour. Pesquisadores da Universidade de Basileia, na Suíça, e da Universidade Tecnológica de Munique (TUM), na Alemanha, compararam a influência de diferentes cores de luz no corpo humano.
As descobertas contradizem os resultados de uma pesquisa anterior, que considerava que a cor da luz afeta o relógio biológico interno. "Um estudo em camundongos em 2019 sugeriu que a luz amarelada tem uma influência mais forte no relógio interno do que a luz azulada", explica a líder do estudo, Christine Blume, do Centro de Cronobiologia do Hospital Psiquiátrico da Universidade de Basileia, em comunicado.
Em vez disso, os pesquisadores não encontraram evidências de que variação da cor da luz desempenhe um papel relevante para o sono.
Os fotorreceptores na retina convertem a luz em impulsos elétricos, enquanto os cones permitem que se veja uma imagem nítida, detalhada e colorida. Já os bastonetes contribuem para a visão em condições de pouca luz, permitindo distinguir diferentes tons de cinza, mas deixando o cenário menos preciso.
Depois que os impulsos nervosos elétricos são finalmente transmitidos às células ganglionares na retina, eles seguem via nervo óptico para o córtex visual no cérebro, onde a atividade neural é processada em uma imagem colorida.
As células ganglionares, assim como os cones e bastonetes, reagem fortemente à luz de curto comprimento de onda, com uma extensão de cerca de 490 nanômetros. Se a luz consistir apenas em comprimentos curtos de 440 a 490 nanômetros, a percebemos como azul.
Para saberem se a cor da luz interfere no sono, os pesquisadores expuseram 16 voluntários a um estímulo de luz azulada ou amarelada por uma hora no final da noite, bem como a um estímulo de luz branca como condição de controle, para comparação.
Os estímulos de luz foram cuidadosamente projetados para ativar os cones sensíveis à cor na retina de maneiras diferentes. No entanto, a estimulação das células ganglionares sensíveis à luz foi a mesma em todas as três condições. Assim, as diferenças no efeito da luz foram diretamente atribuídas à respectiva estimulação dos cones e, por fim, à cor da luz.
Para avaliar os efeitos dos diferentes estímulos de luz no corpo, os pesquisadores determinaram se o relógio interno dos participantes mudava dependendo da cor da luz. Eles também investigaram quanto tempo os voluntários levaram para dormir e quão profundo estava o sono no início da noite. Por fim, os cientistas perguntaram aos indivíduos sobre o cansaço e testaram a capacidade de reação deles, que diminui com o aumento do sono.
"Não encontramos evidências de que a variação da cor da luz ao longo de uma dimensão azul-amarela desempenhe um papel relevante para o relógio interno humano ou o sono", afirma Blume.