A Rede de Observatórios de Segurança, ligada ao Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), publicou nesta quinta-feira (16) um relatório no qual revela que, em média, uma pessoa negra foi morta em abordagem policial a cada 4 horas em oito estados do país.
A pesquisa, intitulada "Pele Alvo: a bala não erra o negro", foi conduzida por pesquisadores através de dados das secretarias de segurança pública obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI), contabilizando 3.171 registros de mortes por intervenção policial, dentre os quais 2.770 de pessoas pretas – 87,35% do total. "No coração das políticas de confronto, está assentado um racismo secular, profundo e determinado", diz o relatório.
Os pesquisadores observam que há uma grande subnotificação na informação racial – o que poderia aumentar o número obtido –, pois, das 4.219 mortes por intervenção policial, 1 em cada 4 não apresentava informações sobre a cor da vítima. Ao todo, 28 pesquisadores analisaram e elaboraram o estudo, espalhados pelos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Bahia e Rio de Janeiro no topo
Dos oito estados analisados, a Bahia e o Rio de Janeiro lideram o número de mortes de pessoas negras em abordagens policiais. Na Bahia, 1.121 casos foram registrados, deixando o estado no topo do ranking de mortes de negros em intervenção policial entre 2021 e 2022.
A faixa etária mais afetada são de pessoas entre 18 e 29 anos, o que representa 74,21% das vítimas. Na capital Salvador, 438 pessoas que se encaixam nessas condições foram mortas – 394 eram negras. Outro dado apontado pelo estudo foi o aumento de 300% nas mortes por violência policial entre 2015 e 2022.
O levantamento também joga luz sobre a proporção de pessoas negras mortas por agentes de segurança em relação à participação delas na sociedade. Na Bahia, onde 80,8% da população é negra, essas vítimas representaram 94,7% dos casos.
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