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28/10/2023 16:00:00

‘Pior que o crack’, ‘Tive convulsão’, ‘Faz a gente ser escrava': os relatos de dependentes das drogas K, que causam 'efeito zumbi'

Repórter Danielle Zampollo registrou a internação de três jovens usuários de drogas K e a esperança de mães e avós de vê-los livres das drogas.


‘Pior que o crack’, ‘Tive convulsão’, ‘Faz a gente ser escrava': os relatos de dependentes das drogas K, que causam 'efeito zumbi'

Profissão Repórter desta terça-feira (24) mostrou como funciona o HUB de cuidados em crack e outras drogas, um serviço público que fica no centro de São Paulo, e conversou com alguns com dependentes e seus familiares sobre a nova substância.

“É pior que o crack”, revelou um interno.

Dados do HUB mostram que um em cada cinco pacientes é usuário de drogas K.

"Esses pacientes, em geral, chegam aqui com quadro de overdose e muitos em situação de risco de vida”, disse o médico Quirino Cordeiro, diretor do local. “As drogas K, infelizmente, tem o potencial de causar a morte dos seus usuários por conta da overdose", acrescentou.

“Eu tive convulsão, na mesma hora que eu coloquei na boca. Três minutinhos eu já tive convulsão. Por favor, você, que está me assistindo, não faça isso. É horrível, K9 é horrível”, alertou um interno.

A repórter Danielle Zampollo registrou a internação de três jovens usuários de drogas K e a esperança de mães e avós de vê-los livres das drogas. As internações duram de 30 a 45 dias.

Um deles, de apenas 15 anos, foi levado pela mãe, depois de ele ter sofrido uma overdose.

“Ele teve uma parada. Não só uma, foram duas. Ele está perdendo a coordenação motora. Tem hora que você pega o braço e não tem controle. A boca fica aberta com frequência, a língua fica pra fora. É involuntário, ele não percebe que está assim”, disse a mãe do garoto, que não quis se identificar.

“Antes da K2 eu jogava bola, fazia um monte de coisa. Aí comecei a usar K2 e parei de fazer as coisas”, lamentou o adolescente.

Gabriel Silva Batista, de 21 anos, também foi internado. Ele afirmou que quando usou a droga pela primeira vez, pensou que era maconha.

Gabriel Silva Batista, de 21 anos, fala sobre o vício em K9. — Foto: Reprodução/Profissão Repórter
“Dei uns tragos. Aí comecei a fumar no cotidiano, quando fui ver, já estava fumando um, dois, três, quatro. Quando fui ver, fui tentar parar e não consegui, porque já estava viciado”, relatou o jovem.

Gabriel começou a usar as drogas K há seis meses, mas diz que se viciou rápido. “Se for pegar pra fumar um dia, pode ter certeza que vai fumar o dia todo, o mês todo, o ano todo”, acrescentou.

O jovem desistiu do tratamento depois de duas semanas de internação.

Há exatamente um ano, o Profissão Repórter registrou o consumo de drogas K nas ruas de São Paulo. À época, essas drogas eram pouco conhecidas e não havia dados ou estudos sobre seus efeitos a longo prazo. De lá para cá, o consumo dessas substâncias se alastrou e o impacto das drogas K na vida de crianças e jovens usuários tem se mostrado assustador.

Quem também está sendo internado é Marcos, ele tem 23 anos, e chegou acompanhado da avó Aparecida Brandão Velosso.

Marcos tem 23 anos e também sofre com o vício em K9. — Foto: Reprodução/Profissão Repórter

Marcos tem 23 anos e também sofre com o vício em K9. — Foto: Reprodução/Profissão Repórter

“O Marcos some, o Marcos desaparece. Já chegou todo estropiado, chorando, dando risada. Então, meu neto não eraassim. Ele falava coisa com coisa, agora não tem voz. O Marcos está sem identidade”, disse Aparecida.

Outra jovem, uma mulher de 23 anos que consome K9 em um terminal de ônibus da capital paulista, admitiu que a droga faz muitos estragos na sua saúde e reconheceu a dificuldade de lidar com o vício.

"Tenho 23 anos, sou mãe de 3 filhos. Eu não aguento mais. Já faz quase uns 2 anos que eu uso essa droga. Essa droga faz a gente ser escrava", relatou outra.
Fonte G1


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