O projeto de lei do governo Lula que propõe mudanças no Novo Ensino Médio foi enviado para o Congresso Nacional na terça-feira (24). Mas, na prática, o que acontece agora? As escolas já têm que mexer no seu currículo? Entenda em cinco pontos o que diz a proposta e os próximos passos.
Contexto: A apresentação do projeto é uma resposta às críticas ao modelo que está em vigor há dois anos já. A carga horária das disciplinas tradicionais foi diminuída para dar lugar a matérias optativas conforme o interesse do estudante.
No entanto, escolas sem infraestrutura suficiente, a falta de formação adequada dos professores e menos espaço para as disciplinas convencionais são alguns dos pontos que, na visão de alguns setores, podem ampliar ainda mais a desigualdade no acesso ao ensino superior entre os alunos da rede pública e os da rede particular.
baixo, confira o que o governo propõe mudar e quais são as perspectivas:
? Carga horária das disciplinas obrigatórias x optativas
Formação obrigatória
Itinerários formativos
A ideia é que cada estudante possa montar seu próprio ensino médio, escolhendo as áreas nas quais quer se aprofundar.
Como as escolas podem, por exemplo, escolher apenas duas áreas para ofertar, entra uma questão de desigualdade, segundo os críticos: jovens de cidades pequenas, com menos recursos, têm um leque mais reduzido de opções para escolher e não conseguem focar na sua área de interesse.
Educação à distância
Certificação nos cursos técnicos
Profissionais não licenciados
Não! Por enquanto, tudo continua como está nas escolas do país. Para que haja qualquer mudança, o projeto de lei precisará ser aprovado pelo Congresso Nacional para que a legislação atual, que está em vigor, seja alterada.
Por enquanto, nada muda na sala de aula em relação ao ensino médio — Foto: Divulgação/Seduc
O projeto de lei começará a tramitar na Câmara dos Deputados. Caberá ao presidente da Câmara definir por quais comissões temáticas ele será analisado. Caso entenda que precise ser debatido em mais do que quatro colegiados, o presidente poderá decidir pela criação de uma comissão especial, o que irá acelerar a tramitação.
Em seguida, o projeto segue para o plenário da Câmara. Ao ser aprovado, vai para o Senado, onde também precisará ser votado por comissões e pelo plenário. Se sofrer mudanças, volta para uma nova análise na Câmara. Senão, seguirá para a sanção presidencial.
Sim, os parlamentares poderão fazer mudanças no conteúdo do projeto em qualquer fase de tramitação. Dependendo do que for aprovado no Congresso Nacional, poderá ser decidido que haverá uma fase de transição para os alunos que já estiverem seguindo o Novo Ensino Médio na sala de aula.
Em geral, um projeto de lei pode levar meses ou até anos para ser aprovado, mas esse prazo pode ser encurtado a depender da vontade política.
O projeto apresentado pelo governo tem, em tese, o aval de diversos setores após meses de consulta pública, o que talvez facilite a sua tramitação.
Na entrega ao presidente Luiz Inácio da Lula da Silva, o ministro Camilo Santana foi acompanhado de representantes do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Fórum Nacional de Educação (FNE), do Fórum Nacional dos Conselho Estaduais e Distrital de Educação (Foncede), do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
O presidente Lula (ao centro), o ministro da Educação (à direita) e representantes de diferentes entidades durante a entrega do projeto de lei — Foto: Ricardo Stuckert / PR
Fica igual ao de hoje! Nada muda em relação ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, que continuará nos mesmos moldes do atual. Isto é, dois dias de provas com conteúdo igual para todos e a cobrança de todas as disciplinas.
No mês passado, o ministro da Educação, Camilo Santana, já havia confirmado que não haveria mudanças no Enem do ano que vem.
Havia expectativa de que a prova do ano que vem fosse em um formato diferente, alinhado com o Novo Ensino Médio - uma vez que já está em vigor há dois anos.
O adiamento das mudanças do Enem não foi bem-recebido por parte dos estudantes, especialmente os da rede pública, que se sentiram prejudicados.
O argumento deles é que, com a atual carga horária reduzida de disciplinas tradicionais (como física, química ou história) no Novo Ensino Médio, eles apresentarão defasagens nos conhecimentos gerais exigidos pelo Enem no modelo tradicionaL.
Fonte G1