Um teste atômico sobre a Sibéria seria um "ultimato nuclear" para o Ocidente, enquanto as consequências para a população russa não seriam tão graves assim: essa foi, em resumo, a mensagem da editora-chefe da emissora estatal da Rússia RT, Margarita Simonyan, num vídeo divulgado no início de outubro.
Nele, ela afirmava que "nada de tão terrível assim" aconteceria, caso se desencadeasse uma explosão termonuclear no próprio país: mais importante é o fato de que os países ocidentais não iam ceder "até que sintam grandes dores". No mundo de Simonyan, o Ocidente não tem nada melhor a fazer do que tentar o tempo todo "estrangular" a Rússia usando as mãos da Ucrânia.
A chefe da RT é um dos rostos mais conhecidos da propaganda russa, participando com frequência das rodadas de debates do programa de seu colega Vladimir Solovyov. Ela é conhecida por suas tiradas cheias de ódio contra a Ucrânia e as potências ocidentais, sobretudo os Estados Unidos.
Entretanto sua bizarra sugestão de uma explosão atômica em território russo foi longe demais, não só inquietando os espectadores, mas também provocando irritação no Kremlin. O porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitri Peskov, fez questão de enfatizar que as palavras de Simonyan "nem sempre refletem a posição oficial", e que ele não considera que esse tipo de discussão faça sentido.
Mas em meados de outubro esse tipo de discussão voltou a ser abordado, e pelo menos os deputados russos terão se recordado das palavras da jornalista: nesta quarta-feira (18/10), a Duma (câmara baixa do parlamento nacional) aprovou em segunda leitura a lei revogando a ratificação por Moscou do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT, na sigla em inglês). A votação final está marcada para a quinta-feira.