O orçamento proposto pela Rússia para os próximos anos prevê assistência financeira às famílias de 102,7 mil militares mortos no front ucraniano. Os números vieram a público na última quinta-feira (12) por meio do portal de mídia da oposição russa Mozhem Obyasnit, que analisou o projeto de alocação de fundos do país para o período de 2024 a 2026.
De acordo com a revista Newsweek, que reproduziu as informações, os familiares dos soldados mortos recebem, além do seguro obrigatório pago em parcela única, uma compensação mensal de 21,9 mil rublos (R$ 1.128), pago pelo Fundo Social da Rússia.
A reportagem detalha que, no orçamento de 2024, o governo alocou 5,248 bilhões de rublos (R$ 270,5 milhões) para familiares de soldados que perderam a vida servindo às forças armadas russas em todo o mundo, o que totaliza 239,3 mil soldados.
Entretanto, esses números consideram não apenas a Ucrânia, uma vez que Moscou tem forças ativas em diversos países africanos, no enclave de Nagorno-Karabakh, na Síria e em outras regiões.
Para chegar ao número de mortos na Ucrânia, o Mozhem Obyasnit constatou o aumento nas despesas do governo com reparações pagas a familiares em 2023, na comparação com o ano anterior. A diferença de 2,25 bilhões de rublos (R$ 115 milhões), dividida pelo pagamento mensal de 21,9 mil rublos, indica que a Rússia terá que fornecer assistência às famílias de 102,7 mil militares falecidos na guerra da Ucrânia, de longe a que mais mata militares russos no mundo.
E, segundo o portal, a previsão quanto às perdas futuras é igualmente alta: “De acordo com as projeções oficiais, cem mil militares russos perderão a vida nos próximos dois anos de conflito”.
O número de mortos na Rússia está aumentando devido à contraofensiva de Kiev para retomar seus territórios ocupados. O Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia disse na última sexta-feira (13) que Moscou perdeu 1.030 soldados em 24 horas, totalizando 285.920 vítimas até agora no conflito, entre mortos e feridos.
O lado russo não costuma fazer balanços de baixas entre suas tropas. Em setembro do ano passado, o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmou que 5.937 soldados haviam perdido a vida nos confrontos iniciados em fevereiro de 2022, número que parece desconectado da realidade.
Tanto que uma investigação conjunta da BBC russa e do canal de notícias independente Mediazona revelou recentemente os nomes de 34.412 militares russos mortos na Ucrânia. E a apuração sugere que as perdas reais são bem maiores do que os números citados.
A Ucrânia também não costuma publicar dados sobre seus mortos, que, conformes estimativas de agências de inteligência ocidentais, também são consideráveis. Em abril, uma avaliação vazada da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA apontou que Kiev sofreu entre 124,5 mil e 131 mil baixas, incluindo 15,5 mil a 17,5 mil mortos e 109 mil a 113,5 mil feridos.
Fonte A Referência