O acordo selado entre o Bradesco e a Americanas em torno de uma dívida de R$ 300 milhões não interrompe a ofensiva do banco contra a rede varejista na Justiça.
O cessar fogo sobre essa parte da dívida com o banco, composta por fianças bancárias, é visto como um sinal de boa vontade do Bradesco, que vinha sendo acusado pela Americanas de tumultuar sua recuperação judicial.
Na prática, a instituição financeira permitiu que as fianças sejam incluídas no processo de recuperação da varejista. Até então, o banco fazia a cobrança em um processo apartado, o que era visto como um entrave para a recuperação.
O gesto envolveu a assinatura de uma petição conjunta de advogados dos dois lados que foi entregue à Justiça do Rio de Janeiro, que conduz a recuperação de R$ 43 bilhões.
No entanto, a briga está longe do fim. Com créditos de R$ 5 bilhões na recuperação judicial, o Bradesco vai manter a artilharia pesada pelo restante do dinheiro.
No processo da recuperação judicial da Americanas, o Bradesco fez outros protestos contra o plano apresentado pela varejista. Criticou, por exemplo, a falta de informação sobre a “real condição econômico-financeira” da Americanas.
Em São Paulo, o banco obteve a quebra de sigilo de e-mails internos da Americanas com o fim de o banco ter em mãos provas sobre fraudes na empresa – que dariam à instituição o poder de pressionar mais a rede na Justiça em suas cobranças.
Em outro processo, a Americanas acusou a agência de inteligência Kroll de ser suspeita para fazer perícia sobre as mensagens em razão da atuação ao lado do escritório que defende o Bradesco em outra briga empresarial.
A Justiça acabou rejeitando esse pedido. Enquanto ele não havia sido julgado, houve trocas de acusações.
Ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez entregou uma carta na qual afirma que os acionistas da Americanas tinham ciência da situação crítica da empresa.
A rede tem rebatido, atribuindo as fraudes a ele e afirmado que o executivo está em conluio com o Bradesco.
Independente do acordo, não haverá armistício em nenhuma dessas batalhas.
Fonte Metropóles