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Por Rfi
As inundações na Líbia causaram um número “enorme” de mortes que podem chegar a milhares e 10 mil desaparecidos, disse na terça-feira (12) a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV). A organização lança um apelo por ajuda de emergência e o governo local já decretou luto de três dias no país.
A tempestade Daniel atingiu o leste da Líbia na tarde de domingo (10) atingindo principalmente as cidades costeiras de Jabal al-Akhdar (nordeste), mas também Benghazi, onde as escolas foram fechadas e foi declarado um toque de recolher obrigatório. O balanço de vítimas ainda é incerto, informou Tamer Ramadan, funcionário da FICV, durante a coletiva de imprensa em Genebra. “Não temos dados definitivos” sobre o número de mortos neste momento, disse, sublinhando que “o saldo de desaparecidos ronda os 10 mil”.
O vice-primeiro-ministro Ali Al Gotaani descreveu as cenas que viu como “mais do que uma catástrofe, é apocalíptico (...) Apelamos a todos os socorristas e a qualquer pessoa que possa agir para vir imediatamente a Darna. Bairros inteiros desapareceram completamente".
Equipes de emergência foram enviadas no domingo a Derna, cidade de mais de 100.000 habitantes (900 km a leste de Trípoli) atravessada por um rio que vai até o Mediterrâneo. Várias regiões de difícil acesso permanecem bloqueadas.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostras os socorristas diante de uma paisagem apocalíptica. Estradas cortadas, deslizamentos de terra e inundações impediram que a ajuda chegasse à população que teve de utilizar meios rudimentares para recuperar corpos e extrair sobreviventes à beira do afogamento.
Um funcionário da prefeitura de Derna classificou a situação em sua cidade como "catastrófica", "fora de controle" e que exige uma "intervenção nacional e internacional".
Alguns países já anunciaram o envio de ajuda para a Líbia. O chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, informou nas redes sociais que Roma está pronta para responder “imediatamente aos pedidos de apoio” das autoridades líbias e que uma equipe coordenada pela Proteção Civil italiana já esta sendo enviada.
A França também disse estar pronta para enviar “ajuda de emergência” às populações afetadas. Segundo Anne-Claire Legendre, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, “estão a ser mobilizados meios para fornecer ajuda de emergência.
O leste do país, mais atingido pelas chuvas, abriga os principais campos e terminais de petróleo. A Companhia Nacional do Petróleo (NOC) declarou "estado de alerta máximo" e suspendeu os voos entre os centros de produção, onde as atividades diminuíram consideravelmente.
País com as reservas de petróleo mais abundantes da África, a Líbia enfrenta um cenário de caos desde a queda do regime de Muamar Kadafi em 2011, abalada por divisões e violência. Há um ano e meio, dois governos disputam o poder: o liderado por Abdelhamid Dbeibah na região oeste, reconhecido pela ONU, e o designado pelo Parlamento e apoiado pelo homem forte da região leste, Khalifa Haftar.
