Com Cada Minuto
Dados são do Censo 2022, divulgados nesta quinta-feira, 27, revelam que o Brasil possui 1.327.802 quilombolas, representando 0,65% do total de habitantes. A pesquisa identificou que, nos 473.970 domicílios visitados, em 1.696 municípios brasileiros, residia pelo menos uma pessoa quilombola.
Ainda conforme a assessoria de Comunicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Nordeste concentra 68,19% dos quilombolas do país, com 905.415 pessoas, sendo 37.722 residentes em Alagoas, o que coloca o estado no 6° lugar.
O Censo também mostrou que os Territórios Quilombolas oficialmente delimitados abrigam 203.518 pessoas, sendo 167.202 quilombolas, ou 12,6% do total de quilombolas do país. Destaca-se, ainda, que apenas 4,3% da população quilombola reside em territórios já titulados no processo de regularização fundiária.
Mais de 98% dos quilombolas de Alagoas vive fora dos territórios oficiais, segundo dados do Censo 2022. Trata-se do maior percentual do país, seguido por MG (96,62%) e BA (94,77%). Contudo, a tendência é nacional, tendo em vista a baixa delimitação e identificação desses territórios em todo país. A média brasileira conta com 87,41% da população quilombola vivendo fora dos territórios oficialmente delimitados, o que corresponde a mais de 1 milhão de pessoas.
Territórios
Três territórios alagoanos foram delimitados formalmente: Tabacaria, em Palmeira dos Índios; Cajá dos Negros, em Batalha; e Abobreiras, em Teotônio Vilela.
A população dos territórios oficialmente delimitados em Alagoas é composta quase que totalmente pelos representantes do grupo étnico. O maior percentual é visto na Comunidade Quilombola de Tabacaria, que tem 98,35% de quilombolas, totalizando 363 dos 357 residentes. Cajá dos Negros (96,79%) e Abobreiras (94,44%) tem percentuais ligeiramente menores, mas ainda apresentam alta predominância de quilombolas residentes.
Maior proporção de quilombolas
Fora dos territórios oficialmente delimitados, a cidade de Palestina possui o maior percentual proporcional de quilombolas entre os municípios alagoanos. Em comparação com os números da população geral, 31,72% dos moradores são autoidentificados quilombolas.
Jacaré dos Homens (24,72%) e Poço das Trincheiras (15,54%) também possuem uma população expressiva de quilombolas, com índice relevante de pertencimento étnico.
Penedo (5.280 quilombolas), Traipu (2.938) e Arapiraca (2.128) lideram o ranking em números absolutos. Porém, na contagem proporcional, os índices de quilombolas são de 9% da população (Penedo), 12,47% (Traipu) e 0,91% (Arapiraca). Destas, apenas Traipu (5º lugar proporcional entre os municípios) e Penedo (10º lugar proporcional) continuam em posição de destaque.
Baixa ocupação em União dos Palmares
Apesar da intensa relevância histórica, a cidade de União dos Palmares apresentou baixa proporção de quilombolas em relação à população total. Apenas 561 pessoas se autodeclararam quilombolas, o que representa menos de 1% da população total de 59.280 residentes. A cidade está em 37º lugar entre os 53 municípios alagoanos com população quilombola.
O município de União dos Palmares, onde hoje existe a tradicional Comunidade Quilombola do Muquém, é também lugar do extinto Quilombo dos Palmares, um dos principais símbolos da história quilombola do país.
Mais de 10% da população composta por quilombolas
Além de Palestina, Jacaré dos Homens e Poço das Trincheiras, outras cidades alagoanas possuem uma população expressiva de quilombolas, em relação ao percentual da população geral.
Santa Luzia do Norte (15,28%), Traipu (12,47%), Monteirópolis (11,04%), Carneiros (10,82%), Água Branca (10,04%) também fazem parte das cidades com mais de 10% de população que se autoidentifica como quilombola.
Domicílios particulares permanentes
O Censo 2022 também investigou como é a ocupação domiciliar entre os quilombolas. Para tanto, foram considerados os domicílios particulares permanentes ocupados, que servem exclusivamente à habitação, de modo contínuo.
Dos mais de 1 milhão de domicílios permanentes ocupados em AL, quase 13 mil (12.885) são ocupados por pelo menos um morador quilombola, totalizando 1,24%. No Brasil, essa média é de 0,65%.
Palestina (35,73%), Jacaré dos Homens (24,08%) e Santa Luzia do Norte (16,94%) possuem os maiores percentuais de domicílios particulares permanentes ocupados que possuem ao menos um quilombola entre seus residentes.
Média de moradores por domicílio
A população quilombola tende a viver em domicílios mais cheios. A média de moradores por residência, quando há ao menos um morador quilombola, é de 3,17 moradores por domicílio. O índice é superior à média geral de 2,79 moradores em domicílios particulares permanentes.
Em Alagoas, os domicílios em que há ao menos um quilombola possuem, em média, 3,26 moradores. No comparativo por cidades, a média de moradores aumenta. Craíbas (4,00) lidera os números, seguida por Matriz de Camaragibe (3,68) e Traipu (3,56 moradores por domicílio).