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Acidente
05/07/2023 04:00:00

Cisjordânia: 'Havia dezenas de homens armados — agora há centenas'

Alaa Daraghme Role,BBC Arabic Há 9 horas O repórter da BBC Alaa Daraghme, que acompanha a situação do campo de refugiados de Jenin há pelo menos dois anos, relata, a seguir, o que está ocorrendo no local depois que Israel lançou uma operação militar de lar


Cisjordânia: 'Havia dezenas de homens armados — agora há centenas'
  • Alaa Daraghme
  • Role,BBC Arabic

O repórter da BBC Alaa Daraghme, que acompanha a situação do campo de refugiados de Jenin há pelo menos dois anos, relata, a seguir, o que está ocorrendo no local depois que Israel lançou uma operação militar de larga escala contra militantes palestinos no campo de refugiados de Jenin.

Dois anos atrás, quando chegávamos a Jenin, era possível ver dezenas de homens armados reunidos em grupos. Agora, há centenas.

A resistência à operação militar israelense na Cisjordânia, onde fica a cidade de Jenin, cresceu rapidamente.

Passamos por postos de controle do exército israelense a caminho de Jenin, tentando fazer imagens algumas horas depois que Israel iniciou ataques intensos na cidade da Cisjordânia. Vários palestinos foram mortos e muitos outros feridos.

Vimos a fumaça subindo dos telhados — resultado do mais pesado bombardeio da área em anos. É um ciclo vicioso de violência.

Alaa Daraghme com colete a prova de balas em rua, fazendo selfie, com fumaça atrás

O repórter da BBC Alaa Daraghme acompanha a situação do campo de refugiados de Jenin há pelo menos dois anos

Mais e mais palestinos passaram a acreditar que sua única saída é lutar. Eles acham que, se não brigarem, não terão mais nada no futuro.

No momento, eles não têm água encanada ou rede de esgoto — e temem que a situação fique ainda pior.

Memórias da Batalha de Jenin

Encontramos um dos moradores no campo de refugiados de Jenin, Ahmad Jaradat.

Segundo ele, os moradores não viam uma ação de tamanha dimensão desde 2002, quando Israel montou uma grande operação que ficou conhecida como a Batalha de Jenin.

Minha colega, a correspondente Eman Eriqat, diz que consegue ouvir drones sobrevoando a cidade. Ela afirma que os ataques aéreos e os tiroteios estão lembrando os palestinos dos "dias ruins" que viveram na batalha de 2002, durante a Segunda Intifada.

Naquele ano, mais de 50 palestinos e 23 soldados israelenses foram mortos em mais de uma semana de combates. Depois, houve uma sequência de atentados suicidas palestinos em Israel.

Para o atual prefeito de Jenin, Nidal Al Ebaidi, na nova ofensiva o exército israelense pretende destruir o campo de refugiados.

Danny Danon, membro do parlamento do partido israelense Likud, nega que haja alvos civis. "Estamos operando há algumas horas em Jenin e você viu que até mandamos mensagens de texto avisando aos moradores para não saírem de casa. Estamos mirando apenas nos militantes", disse à BBC.

Equipes médicas palestinas estão pedindo o fim da violência para que possam levar os feridos do campo de refugiados para os hospitais.

Jovens palestinos

Fumaça em meio a casas e prédios

CRÉDITO,REUTERS

Fumaça sobre Jenin, resultado do mais pesado bombardeio da área em anos

Os palestinos insistem que Israel deve parar de construir assentamentos na Cisjordânia.

À medida que construções e operações militares continuam, muitos jovens palestinos estão se tornando ainda mais impacientes que seus pais.

Mustafa Barghouti, que lidera o Partido da Iniciativa Nacional, disse ao programa BBC Newsday que os palestinos estão ficando desesperados com a situação política.

"A grande questão é por que esses jovens estão indo nessa direção [de revolta]?" ele indaga. "É porque estamos sob ocupação militar [israelense] há 56 anos e o mundo não fez nada para acabar com essa ocupação... Os jovens estão ficando sem esperança porque a comunidade mundial permitiu que Israel continuasse essa ocupação. "

A mobilização israelense

Dois veículos blindados na rua

CRÉDITO,EPA

Veículos militares israelenses andam por Jenin

As forças israelenses estão atacando o campo de refugiados de Jenin a partir do ar e de operações terrestres.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) diz que o campo é lar para 14 mil pessoas, que vivem em uma área de apenas 0,42 km².

Israel diz que tem como alvo militantes palestinos que conduziram ataques contra seus cidadãos.

As Forças de Defesa israelenses afirmaram em um comunicado que atacaram um "centro de operações conjuntas" que reunia diferentes grupos armados palestinos — formando a Brigada de Jenin.

O local, segundo os militares israelenses, era um ponto de observação, comunicação e armazenamento de armas e explosivos de combatentes palestinos.

No ano passado, Jenin foi alvo de vários ataques israelenses. Enquanto isso, as forças de segurança israelenses culparam vários palestinos por ataques a tiros contra israelenses.

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Maj Nir Dina, disse a jornalistas que Jenin é um esconderijo para terroristas.

"Algumas semanas atrás, houve uma tentativa de lançar um foguete de Jenin para Israel. Ele falhou e caiu dentro da Cisjordânia", disse ele. "Estamos muito preocupados [que] isso se repita."

A mobilização palestina

Dois atiradores em uma área externa na rua

CRÉDITO,EPA

 
Legenda da foto,

Combatentes de vários grupos palestinos fazem parte da pouco coesa Brigadas de Jenin

Em Jenin, vários grupos declararam sua determinação de resistir às forças israelenses.

Atta Abu Rmeileh, o secretário do movimento político Fatah em Jenin, disse à BBC que todos os grupos armados presentes no campo de refugiados estão à disposição para proteger a área das forças israelenses.

Ele disse que os combatentes não levantarão a bandeira branca de rendição e continuarão lutando.

Combatentes de vários grupos diferentes se juntaram na cidade, chamando a si mesmos de Brigadas de Jenin. O que os une é a determinação de resistir à ocupação e a falta de fé na capacidade da Autoridade Palestina de fazer isso em seu nome.

Um militante das Brigadas de Jenin enviou uma gravação de voz para um grupo do Telegram dizendo que a confiança dos combatentes está muito alta e que eles continuariam lutando até morrer.

 



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