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Saúde
25/05/2023 09:00:00

Criada força-tarefa para orientar sobre risco da gripe aviária

Medidas estão sendo adotadas por conta dos registros de oito casos da doença em aves silvestres no Brasil


Criada força-tarefa para orientar sobre risco da gripe aviária

Após a confirmação de oito casos de gripe aviária no Brasil, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional. Uma portaria assinada pelo ministro Carlos Fávaro foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na noite de segunda-feira (22), com validade de 180 dias. E por conta disso, em Alagoas uma força-tarefa com representantes de órgãos do meio ambiente e da saúde foi criada para definir um plano de ações com orientações de como a população deve proceder quando encontrar aves silvestres marítimas caídas ou mortas pelo litoral alagoano.

A medida, de acordo com o Mapa, tem como objetivo evitar que a doença chegue à produção de aves de subsistência e comercial, além de preservar a fauna e a saúde humana. Ainda segundo o ministério, a declaração de estado de emergência zoossanitária possibilita a mobilização de verbas da União e a articulação com outros ministérios, organizações governamentais nas três instâncias e não governamentais.

Na última sexta-feira (19), o Instituto Biota de Conservação já tinha feito um alerta para a presença de aves marinhas no Litoral de Alagoas neste período do ano. Ainda segundo o instituto, havia relatos de que populares estariam tocando nesses animais e até recolhendo para levar para casa os que estavam vivos.

O alerta do Biota é justamente pelo risco de transmissão de gripe aviária (H5N1). Até então, foram oito casos já confirmados em aves no país, sendo sete no Espírito Santo, nos municípios de Marataízes, Cariacica, Vitória, Nova Venécia, Linhares e Itapemirim, e um no Rio de Janeiro, na cidade de São João da Barra.

Na última segunda-feira, o presidente do Biota, Bruno Stefanis, afirmou que já recebeu informações de que a maioria das pessoas que encontra as aves, no litoral, as leva para casa ou então tem contato com o uso das mãos.

“Dezenas de aves estão encalhando e boa parte delas estão encalhando com vida. A população no anseio de ajudar acaba levando os animais para casa, interagindo com esses animais, tocando neles, sem nenhuma proteção. Isso é de extremo perigo, porque estamos em iminente risco de outra situação de questão sanitária. Esses animais silvestres foram diagnosticados no Espírito Santo com gripe aviária”, pontua Bruno Stefanis, presidente do Instituto. “Nossa orientação é que os populares não recolham estas aves, sejam elas aparentemente bem de saúde, doentes ou mortas. O ideal é acionar o serviço veterinário mais próximo, com o objetivo de evitar que a enfermidade se espalhe’’, alerta.

Doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos

A médica veterinária e diretora executiva do Biota, Luciana Medeiros, disse que é comum a presença de aves silvestres na costa do Nordeste nesta época do ano. “Estas aves vêm do Hemisfério Norte para a costa do Nordeste, geralmente neste período chuvoso, até agosto. É o período normal para elas, neste inverno, então é uma rota de migração. Elas costumam aparecer no litoral de Alagoas, sejam encalhadas na área da praia ou em residências’’, contou.

A especialista disse que o importante no momento é que a população não tenha nenhum tipo de contato com estes animais. “Essas aves podem ser portadoras desta doença, ou até de outras, então não é recomendável levá-las para casa ou até tocá-las”.

Ainda segundo a veterinária, as aves silvestres acometidas podem transmitir a doença para aves domésticas e podem afetar diretamente o comércio do país. “As aves silvestres podem contaminar mamíferos e o humano, em caso de contato com algum tipo de secreção desses mamíferos, pode também acabar sendo contaminado. Além disso, existe a preocupação de transmissão para as aves domésticas, ou seja, o que pode afetar o comércio, e isso pode interferir neste mercado’’.

O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Alagoas, Rivaldo Couto, também fez questão de ressaltar que nenhum caso de gripe aviária silvestre foi registrado no Estado até o momento, mas expôs que as ações de prevenção serão intensificadas para conscientizar e sensibilizar a população para evitar o manejo destas espécies de aves encontradas. “Lembramos a toda população que, ao encontrar aves silvestres marítimas caídas doentes e até mortas em algum lugar, acione o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e o Biota. Não se deve tocar e nem recolher estas espécies de aves doentes”, destacou Rivaldo Couto.

O comandante do BPA, tenente-coronel Jorge Francelino, explicou a importância do apoio da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), que disponibilizou equipamentos de proteção e de desinfecção para a realização das capturas das aves. “Vale destacar ainda que os casos de aves silvestres encontradas em Alagoas são fenômenos naturais que acontecem neste período do ano devido às questões climáticas que interferem no comportamento das aves, que precisam mudar de regiões e enfrentam longa jornada e sofrem com a fadiga, o cansaço”, disse.

A reunião, realizada na sede do Ibama, contou ainda com a participação de representantes da Sesau, da Secretaria de Saúde de Maceió, do Centro de Zoonoses da capital alagoana e do Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen).

AVALIAÇÃO

Segundo a médica veterinária Luciana Medeiros, os animais recolhidos pelo Biota já estão sendo avaliados pelos órgãos competentes. “Nesse momento, as coletas são feitas pela Adeal e depois as amostras são enviadas para o laboratório para análise. O resultado definitivo sai em menos de uma semana, em torno de quatro dias. Em caso de confirmação da doença, o animal é eutanasiado e é feita a necropsia. Caso não seja constatado nada, o animal vai para reabilitação”, explicou.

Quem encontrar uma ave silvestre viva ou morta pode entrar em contato com o BPA através dos números 98752-2195, 98833-5879 ou 190, nos casos de animais encontrados vivos. Já para os casos em que o animal for encontrado morto, deve-se entrar em contato com o Biota, por meio dos contatos 99115-2944, 98815-0444 ou 99115-5516.

Já se o animal for encontrado no interior do Estado, a orientação é que seja feito o contato com as Secretarias Municipais de Saúde ou do Meio Ambiente das regiões onde as aves silvestres marítimas forem encontradas caídas, para em seguida ser solicitado o apoio do BPA ou do Biota.

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