A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, neste sábado (20), uma rede internacional de vigilância para detectar as ameaças geradas pelas doenças infecciosas emergentes, como a Covid-19. A meta é compartilhar informações para prevenir pandemias.
A Rede Internacional de Vigilância de Patógenos (IPSN, na sigla em inglês) terá uma plataforma para conectar os sistemas de saúde de diferentes países e regiões. O objetivo é melhorar a estratégia de coleta e análise de amostras.
A rede deve facilitar a identificação rápida, a rastreabilidade das doenças transmissíveis e o intercâmbio de informação. Isso permitirá a adoção de medidas necessárias para prevenir crises sanitárias, como a pandemia de Covid-19.
O sistema permitirá o sequenciamento do genoma de vírus, bactérias e outros patógenos e o estudo do seu funcionamento para determinar o seu contágio, virulência e difusão.
Durante a crise sanitária, as informações sobre o genoma do Sars-CoV-2 permitiram, por exemplo, a produção rápida de vacinas eficazes.
"Seu uso no monitoramento da resistência de drogas contra o HIV, por exemplo, levou a regimes de antirretrovirais que tem salvado inúmeras vidas", citou também a OMS em um comunicado.
A nova plataforma foi anunciada na véspera do início da Assembleia Mundial da Saúde, neste domingo (21), que reúne, todos os anos, os países-membros da OMS em Genebra.
A rede terá uma secretaria dentro da organização, chamada "Hub for Pandemic and Epidemic Intelligence", e reunirá informação sobre pandemias e epidemias.
Amostras
A pandemia de Covid-19 mostrou a importância do estudo do genoma dos vírus para combater as doenças causadas por eles.
Apesar de a pandemia de Covid-19 ter incentivado os países a melhorarem sua capacidade de sequenciamento de genomas, muitos ainda não têm recursos para reunir e analisar amostras, segundo a OMS.
Por isso, uma das missões da nova plataforma será enfrentar esses desafios e "dar a todos os países acesso ao sequenciamento do genoma dos agentes patogênicos e às análises no âmbito de seu sistema de saúde pública", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Milhões de vidas perdidas
Os dois primeiros anos da pandemia de Covid-19 custaram quase 337 milhões de anos de vida, provocando a morte prematura de milhões de pessoas, segundo a OMS.
Só em 2020 e 2021, a Covid-19 acarretou a perda 336,8 milhões de anos de vida em todo o mundo. O cálculo é baseado em dados disponíveis em 2022.
"É como perder 22 anos de vida para cada morte a mais", disse Samira Asma, chefe-adjunta de dados e análises da OMS.
Desde o ano passado, o número de mortos pela Covid-19 continua subindo, embora tenha desacelerado. No dia 5 de maio, a agência declarou o fim da emergência sanitária por Covid-19, mas alertou que centenas de variantes da cepa ômicron do vírus continuavam em circulação.
O aparecimento de uma nova cepa potencialmente mais perigosa nunca foi descartado pelos especialistas.
20 milhões de mortos
O balanço oficial de óbitos atribuídos à doença é atualmente de 6,9 milhões de pessoas, mas a OMS estima que o vírus tenha provocado a morte de cerca de 20 milhões de pessoas, diretamente ou por impacto no sistema de saúde, que não podia atender à demanda de pacientes.
(Com informações da AFP)
rfi