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Especial
13/05/2023 11:00:00

Entidades não veem motivos para comemorar abolição da escravatura

Para movimentos negros, Dia da Consciência Negra é que marca importância das discussões e ações para combater racismo


Entidades não veem motivos para comemorar abolição da escravatura

Hoje (13) celebram-se os 135 anos da assinatura da Lei Áurea – uma das leis mais emblemáticas da história do Brasil – que aboliu formalmente a escravatura no Brasil. No entanto, o dia 13 de maio não é tido como motivo de comemoração pelos movimentos negros. Para o coordenador geral do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Benedito Jorge Filho, a data não significou nada.

“Para nós, negros e negras, a exploração, o racismo e objetivação do nosso povo continuaram de maneira extraoficial. A estrutura que nos mantinha escravizados continua até hoje. Não existe liberdade sem educação, reconhecimento, trabalho digno, justiça e oportunidades iguais. Não temos nada a comemorar e sim continuar lutando por um país mais justo e igualitário para o nosso povo preto”, afirmou Benedito Jorge Filho.

Ainda segundo o coordenador geral do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, o dia 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – é que marca a importância das discussões e ações para combater o racismo e a desigualdade social no país. “A data que realmente nos representa, como dia símbolo de luta, é o 20 de novembro. Nesta data, celebramos o nosso verdadeiro mártir da luta por liberdade do povo afro-brasileiro. Zumbi dos Palmares é o nosso verdadeiro herói”, disse.

A presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir), Salete Bernardo, afirmou também que a data não representa o povo negro. “Não nos representa, até porque a abolição no Brasil foi mascarada pelo tratamento dado aos ex-escravos. Não comemoramos e sim reivindicamos direitos. Aqui em Maceió, é o 20 de novembro, uma data de liberdade, de luta, de tomada de consciência da nossa cor e raça”, disse.

Salete Bernardo disse ainda que há muito o que conquistar e que o governo Bolsonaro foi um retrocesso para a população negra no país. “A educação eurocentrada não permite que nossas crianças se reconheçam negras, que tenham orgulho de seu povo e vejam a sua ancestralidade como reis, rainhas e guerreiros. O racismo estrutural, institucional e religioso emperra o avanço em nossas conquistas. O governo Bolsonaro foi também um retrocesso nos nossos ganhos de direitos e parou tudo em relação aos quilombolas e indígenas, terras sem certificação, projetos parados e o povo brasileiro cada vez mais racista”, afirmou.

CONSCIÊNCIA NEGRA

Em Alagoas, durante o mês de novembro, o evento afro cultural ‘Vamos Subir a Serra’ comemora o Dia da Consciência Negra, que é a data que representa a luta por igualdade para os movimentos negros, valorizando aqueles que fizeram rebeliões, quilombos, cabanagens e revoltas contra a escravidão. O projeto é realizado há seis anos, nas cidades de Maceió e União dos Palmares, pelo Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô.

A programação conta com várias atividades voltadas para a gastronomia afro-brasileira, empreendedorismo, estética afro, apresentações culturais, shows musicais, oficinas, debates, palestras, participações de figuras importantes do movimento negro, com o intuito de estimular, fortalecer e dar visibilidade às potencialidades e à ancestralidade negra.

Caminhadas negras recontam narrativas sob o olhar do protagonismo negro

Ontrem (12) experiência turística passou por lugares de história e cultura negra, mostrando personagens e narrativas com protagonismo negro.

Do passado escravocrata às lutas de resistência dos heróis de Palmares, passando pelos movimentos negros atuais até o sonho de um futuro mais igualitário, o tour desvenda a capital alagoana por um novo olhar.

Entre os locais que serão visitados estão o Museu da Imagem e do Som (Misa), Igreja Nossa Senhora Mãe do Povo (história da morte do Padre); Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; e Praça dos Palmares, onde se vendiam os escravizados, local que teve grandes programações do Movimento Negro durante as Semanas da Consciência Negra na década de 1990.

SOBRE A DATA

O dia 13 de maio é uma data marcada na história brasileira como o dia em que a escravatura foi abolida no país. A abolição foi concluída por meio da Lei Áurea, também conhecida como Lei nº 3.353, assinada pela princesa Isabel, determinando que todos os escravos no Brasil se tornariam livres a partir da lei. Estima-se que mais de 700 mil escravos tenham sido libertos através da lei. O Brasil foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão.

tribuna hoje

 



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