Todas as vezes que o Federal Reserve sobe as suas taxas de juros algo acontece no mundo.
Foi assim no início da década de oitenta quando as taxas de juros no EUA chegaram a vinte e dois por cento, levando a uma grave crise as economias da América Latina inclusive o Brasil.
Foi assim em 1987, ano do crash na bolsa americana, em 1994, na crise do México, em 2000, com o estouro da bolha da internet e durante a crise financeira global em 2008.
É natural que, quando as taxas de juros da maior economia do mundo sobem as consequências desse aperto monetário apareçam em alguns setores ou países mais endividados.
Afinal, elas balizam a precificação de todos os ativos globais.
Agora, em menos de um mês, quatro bancos já tiveram sérios problemas no mundo.
A crise atual se iniciou com o Silicon Valley Bank nos EUA no último dia nove de março. O controle do banco foi tomado pelas autoridades americanas no dia seguinte.
Dois dias depois o Signature Bank passou pelo mesmo processo de intervenção.
A crise de confiança no sistema bancário continuou na Suíça quando o Credit Suisse teve que ser vendido a UBS com o apoio do banco central da Suíça.
Nos últimos dias as ações do Deustche Bank e outros bancos também sofreram uma forte queda.
A crise bancária atual traz comparações naturais com 2008.
Apesar das similaridades, também existem várias diferenças relevantes. A primeira delas é que o problema atual parece ser mais conhecido. Os títulos públicos que estão no balanço desses bancos tem uma defasagem de preço de marcado.
Mercado
Em 2008, a exposição de cada banco aos títulos de hipotecas era bastante incerta e pouco transparente, o que gerou uma grave crise de confiança.
Outra diferença é que de 2008 para cá várias regulações foram postas em prática, visando aumentar a segurança do sistema financeiro e os grandes bancos se encontram hoje em uma
A terceira discrepância e que os reguladores estão agindo muito mais rapidamente do que em 2008.
A discussão de moral hazard existe, mas não os está impedindo de agir.
Outra dúvida natural e:como ficam os bancos brasileiros nesse cenário?
Os indicadores de balanço mostram que o setor está em boa posição para superar as dificuldades da crise nos EUA e na Europa. Apesar dos desafios deste ano, os balanços dos nossos bancos são saudáveis.
A regulação bancária no Brasil e até mais rigorosa que as de outros países.
Enquanto o setor bancário americano e bastante fragmentado, com mais de 4200 bancos regulados , esse não é o caso brasileiro que segue com um sistema bancário concentrado.
Como vimos, existem várias diferenças da crise bancária atual com a de 2008. Os efeitos da forte contração monetária ainda estão sendo absorvidos e sentidos ao redor do mundo.
O impacto natural de uma crise de confiança bancária pode começar a aparecer no canal de crédito, com uma retração dos empréstimos pelos bancos impactados.
É importante manter uma atitude de cautela no cenário atual. Deve-se seguir com uma posição defensiva nas carteiras de investimento, escolhendo ativos de qualidade e mantendo a diversificação o que irá garantir que se possa navegar nesses mares incertos.
Além disso, e preciso se manter atento, pois as maiores oportunidades de investimentos surgem justamente nos momentos de maior incerteza.
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