Praticamente três dias completados após o tiroteio que deixou dois feridos na Penitenciária Professor Barreto Campelo, considerada de segurança máxima, em Itamaracá, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) e a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) não apresentaram nenhuma informação para elucidação do caso, identificação dos envolvidos e evitar novos incidentes. A única informação foi obtida junto ao Sindicato dos Policiais Penais do Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sinpolpen/PE), que registrou a transferência de 77 presos do pavilhão D da unidade prisional no processo de revista do sábado e mais 81 após revista no pavilhão E.
O tiroteio da noite da sexta-feira ocorreu justamente no pavilhão D, onde foi localizado e apreendido farto material ilegal, incluindo três pistolas e munições. Solicitada a informar a origem e responsabilidade por duas das pistolas Taurus com números de identificação e se seria possível obter tais dados de outra pistola Taurus com numeração raspada, a Polícia Civil não respondeu. Se limitou a encaminhar uma nota da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, por meio da Seres, repetindo com apenas quatro linhas, indicando que a secretaria “está investigando o caso e que todas as medidas para identificação e punição dos responsáveis serão tomadas”.
Transferindo presos
No tiroteio da noite da sexta-feira, segundo o Sinpolpen/PE, terminaram feridos os detentos José Ailton Souza de Assis, o “Teta”, e Paulo Ricardo de Farias, o “Novinho”, ambos com 35 anos. A Seres não informou nomes dos feridos, nem se tinham envolvimento com as facções criminosas que teriam entrado em conflito que redundou em tiroteio, se limitando a indicar que “ficaram levemente feridos e foram encaminhados à uma unidade de saúde, mas já retornaram para o presídio”. Ao final da revista do sábado, 77 presos do pavilhão D foram transferidos para a Penitenciária de Igarassu.
Nesta segunda-feira ocorreu nova operação na Penitenciária Barreto Campelo, dessa vez no pavilhão E, com efetivos da unidade prisional, da própria Seres, além de policiais militares dos batalhões de Choque, Bope, Cipcães e do BPRp, para revista e transferência. A ação ocorreu das 8 às 11h30 e resultou na apreensão de mais uma arma, um revólver Rossi calibre 38 com número de identificação e 12 munições. Além disso, oito celulares, 24 carregadores para celulares, 15 facas artesanais, 15 facas industriais, uma foice industrial, quatro facões industriais, 12 latões de Pitu 473 ml, 48 latões de cerveja Skol 473 ml, 510 “Big Bigs” de substância aparentando ser maconha. Ao final da revista, 81 detentos do pavilhão E foram transferidos para o Complexo de Itaquitinga.
Falta de efetivo
Todo material apreendido no sábado e nesta segunda-feira é de posse ilegal dentro da Penitenciária Barreto Campelo, que hoje estava com 384 presos além da capacidade de 640 internos, uma superlotação de 60%. Abaixo da superlotação de 111,94% de todo o sistema prisional de Pernambuco, mas que, segundo o Sinpolpen/PE, dificulta as ações de controle, como a realização de revistas. “Devido a ter um déficit de 2.542 policiais penais, pra fazer uma revista dessa a gente precisa do Grupo de Operações. Não tem como fazer a revista em todos os pavilhões”, diz o presidente do Sinpolpen/PE, João Batista de Carvalho Filho. “Essas revistas são feitas às vezes semanalmente ou de quinze em quinze dias. Se tivesse efetivo suficiente, as revistas seriam feitas diariamente”, garante.
Às 17h21 a Seres encaminhou uma nova nota, confirmando parta das informações trabalhadas pela reportagem do Diario de Pernambuco. “A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), por meio da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), informa que mais de 150 presos foram transferidos da Penitenciária Barreto Campelo para outras unidades prisionais que não podem ser reveladas por motivo de segurança”, diz a nota. E acrescenta: “A Seres já está investigando o caso e todas as medidas cabíveis para identificação e punição dos responsáveis estão sendo tomadas”.
diário de pernambuco
