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Acidente
20/02/2023 08:00:00

Hora de reduzir danos: no carnaval, risco de misturar maconha e álcool é potencializado; entenda por que evitar

No Brasil, a maconha é a substância ilícita mais consumida. Álcool potencializa efeitos e consumo abusivo pode desencadear complicações imediatas como náuseas, vômitos e desmaios.


Hora de reduzir danos: no carnaval, risco de misturar maconha e álcool é potencializado; entenda por que evitar

Mesmo proibida e ilegal, a maconha é uma droga que circula no Brasil e tem o consumo associado a momentos de lazer. No carnaval, não é raro encontrar adeptos que, além de estarem dispostos a enfrentar possíveis punições caso sejam flagrados com a substância, correm o risco de potencializar efeitos negativos na saúde (e no convívio social) misturando a maconha com o álcool.

Em três pontos, especialistas concordam que, quando há o consumo excessivo das duas substâncias:

  • o álcool potencializa a absorção do principal princípio ativo da maconha;
  • o consumo excessivo pode causar náuseas, vômitos e desmaios;
  • e alteração da coordenação motora e das funções cognitivas.

Abaixo, nesta reportagem, veja um panorama sobre os impactos do consumo de álcool e maconha em diferentes grupos, o que dizem os estudos e quais a formas de reduzir danos.

???? CONTEXTO: A maconha é uma droga ilegal no Brasil.

  • A Lei Antidrogas de 2006 permite que uma pessoa seja presa pela posse da substância. No entanto, atualmente a erva vem sendo amplamente usada de forma recreativa no mundo todo, enquanto estudos científicos buscam explorar os potenciais dos derivados da cannabis para a saúde.
  • Segundo a ONU, mais de 200 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos fizeram o uso da cannabis em 2020. Esse número representa uma taxa de aumento de 23% em relação aos 170 milhões de pessoas que usaram a droga para o mesmo fim uma década antes.
  • No Brasil, a maconha é a substância ilícita mais consumida. Segundo dados da Fiocruz de 2019, 7,7% dos brasileiros de 12 a 65 anos já usaram maconha ao menos uma vez na vida.

Álcool + maconha: mais THC no sangue

De modo geral, o uso associado do álcool com a maconha está relacionado a consequências mais prejudiciais ao organismo do que o uso isolado dessas substâncias.

Tércio Sousa, clínico geral e especialista em medicina endocanabinoide, explica que isso ocorre porque quando a cannabis e o álcool são combinados, a cannabis pode ter um efeito mais forte no organismo, já que o álcool aumenta significativamente os níveis de THC no sangue.

Essa associação, inclusive, foi comprovada em um estudo de 2015 publicado na revista científica Clinical Chemistry.

Na época, pesquisadores realizaram um experimento com um grupo pequeno de pessoas e as fizeram beber álcool, em doses baixas, ou um placebo dez minutos antes delas inalarem cannabis vaporizada. Depois disso, eles constataram que quando o álcool foi de fato consumido, uma concentração sanguínea muito maior de THC foi observada.

"O álcool e a cannabis competem pela mesma via metabólica. Isso é, eles são metabolizados no mesmo local: o fígado. Por isso, quando você está ingerindo álcool e usa a cannabis, o índice de THC fica mais elevado que o normal", diz Tércio.

O que influencia na ação da maconha no organismo?

Segundo o CDC, o uso de maconha antes dos 18 anos pode afetar inclusive funções de aprendizado, memória e atenção para o resto da vida. — Foto: Pexels

Segundo o CDC, o uso de maconha antes dos 18 anos pode afetar inclusive funções de aprendizado, memória e atenção para o resto da vida. — Foto: Pexels

Segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), vários fatores determinam como a maconha afeta o nosso organismo, incluindo:

  • quantidade de maconha ingerida;
  • frequência de uso;
  • gênero da pessoa (por exemplo, as mulheres podem sentir mais tonturas que os homens);
  • se o uso é associado com outras substâncias (além do álcool, drogas como a cocaína);
  • modo de uso de maconha (por exemplo, produtos com alta concentração de THC podem aumentar o risco de overdose);
  • se a pessoa teve uma experiência anterior com a maconha ou outras drogas;
  • e até mesmo questões genéticas.

Por causa desses fatores, é preciso ter em mente que múltiplos efeitos colaterais estão associados ao uso simultâneo com o álcool e que eles podem se manifestar de forma diferente.

Quando a cannabis é consumida pelo fumo, por exemplo, Tércio explica que os níveis de THC já são muito altos, independentemente se ela foi ou não associada à ingestão de bebidas alcóolicas.

"Quem fuma recreativamente, ainda mais em festas e no carnaval, por exemplo, tem a intenção de 'enlouquecer' e isso é que o problema, porque resulta em efeitos adversos indesejáveis que podem terminar mais cedo o carnaval de muita gente", diz.



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