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07/02/2023 08:00:00

Censo: Brasil tem 545,4 mil médicos, e mais da metade trabalha nas capitais


Censo: Brasil tem 545,4 mil médicos, e mais da metade trabalha nas capitais

O Brasil teve um salto, nos últimos anos, no número de médicos e hoje cerca de 545,4 mil profissionais estão em atividade no país. Isso dá 2,56 para cada mil habitantes - próximo ao índice de outros países, como os Estados Unidos.

Os números, no entanto, confirmam a desigualdade na distribuição e na fixação de médicos pelo Brasil: a maioria (mais de 290 mil) está concentrada somente nas capitais, atendendo a 24% da população brasileira. Entre as regiões, o Norte é a mais deficitária.

Os dados, divulgados nesta segunda-feira (6), são do Conselho Federal de Medicina (CFM) e aparecem na Demografia Médica, plataforma que neste ano ganhou uma versão digital, que deverá ser atualizada a cada seis meses. Antes, os números eram disponibilizados de forma impressa a cada dois anos.

O aumento no número de médicos acompanhou o boomde escolas médicas e de vagas na última década. Em 2010, a proporção de médicos por mil habitantes era de 1,76 e havia 343,7 mil registros de médicos no país - em 2022, os registros subiram para quase 600 mil (tem médico que faz mais de um registro para atuar em estados diferentes).

De acordo com o CFM, como os médicos têm uma vida profissional longa (cerca de 43 anos), alguns estudos já estimam que o Brasil deve alcançar quase 837 mil médicos em cinco anos. 

Para o presidente do CFM, José Hiran Gallo, há um número exacerbado de escolas médicas no Brasil, "muitas sem a menor condição de funcionamento".

Com esse excesso de faculdades de medicina, temos excesso de profissionais hoje no Brasil. Como não há uma política abrangente, a maior concentração fica na região Sul e Sudeste, onde há praias, há tudo.
— José Hiran Gallo, em coletiva de imprensa

Nesta reportagem, você vai encontrar os principais dados do censo médico brasileiro:

  1. Raio X dos médicos
  2. Distribuição pelo país
  3. Comparação com outros países

1 - Raio X dos médicos

O levantamento traça um perfil do médico que atua no Brasil.

  • Os profissionais estão cada vez mais jovens: a média de idade é de 44,9 anos. Em 2015, era de 45,7.
  • Entre o sexo masculino, a média é de 49 anos - a maioria tem entre 30 e 34 anos.
  • Entre o sexo feminino, a média de idade é de 42 anos - a maioria tem menos de 29 anos.
Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os estados que têm uma média de idade mais alta entre a população médica: 50,3 anos e 47,8 anos. Já os estados com médicos mais jovens são Tocantins e Rondônia, com média de idade de 41 anos. 
  • As mulheres devem tomar conta da profissão nos próximos anos: atualmente, elas representam 49,07% do total de profissionais (267 mil). Já os homens representam 50,9% (277,7 mil).
Em 1990, as mulheres eram apenas 30% da força de trabalho médica. A presença feminina subiu para 39,9% em 2010 e, agora, ocupa quase a metade do total de profissionais.
  • A média de tempo de formado dos médicos em atividade é de 19,21 anos;
  • Mais de 90% se formou no Brasil (521 mil): apenas 20,9 mil médicos se graduaram no exterior;
  • 272,5 mil se formou em instituição privada e 265,8 mil em pública;
  • 298 mil médicos possuem alguma especialidade, como cardiologia ou ginecologia; 297 mil são considerados generalistas, ou seja, sem especialidade;
  • Há 596,1 mil registros de médicos no Brasil: 492 mil possuem apenas um registro e 677 têm cinco ou mais registros nos conselhos de medicina.
O perfil do médico no Brasil — Foto: Kayan Albertin e Bernardo Soares/Arte g1

O perfil do médico no Brasil — Foto: Kayan Albertin e Bernardo Soares/Arte g1

2 - Distribuição

O Brasil vive um cenário de desigualdade na distribuição, fixação e acesso aos médicos. A maioria está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios.

  • 62% dos médicos do país atuam nas 49 cidades que possuem mais de 500 mil habitantes. Juntas, elas concentram 32% da população brasileira;
  • Cerca de 205,5 mil médicos atendem nos outros 5.521 municípios do país ou 68% da população brasileira;
  • Nos 4.890 municípios com até 50 mil habitantes, estão pouco mais de 8% dos profissionais (cerca de 42 mil médicos). Nesses locais, moram 65,8 milhões de pessoas;
  • Em 1.250 municípios menores (de até 5 mil habitantes), há 0,45 médicos para cada mil habitantes.
As 27 capitais brasileiras reúnem 54% dos médicos - uma média de 6,21 médicos por mil habitantes. Já no interior estão 46% dos médicos - 1,72 profissional para cada mil habitantes.

Entre as regiões, de acordo com o CFM:

  • No Sudeste, estão 58% dos médicos - 3,22 para cada mil habitantes;
  • No Sul, estão 15,7% dos médicos - 2,82/mil habitantes;
  • No Centro-Oeste, estão 8,4% dos médicos - 2,74/mil habitantes;
  • No Nordeste, estão 18,5% dos médicos - 1,75/mil habitantes;
  • E no Norte, estão 4,6% dos médicos - 1,34/mil habitantes.

Para o CFM, a desigualdade na distribuição de médicos pelo país passa pela falta de atrativos e de condições mínimas de trabalho. Segundo a entidade, o Brasil necessita de políticas públicas para deslocar profissionais dos grandes centros urbanos para o interior e para cidades pequenas. E mais: fazer com que o médico permaneça por lá.

"Não adianta colocar só o profissional sem um mínimo de condições para exercer a medicina de qualidade, sem ter uma infraestrutura de trabalho, leitos, equipamentos, medicamentos, acesso a exames e uma equipe multiprofissional", defendeu o presidente do CFM. 

Gallo afirma que a proposta do governo Lula (PT) de retomar o Mais Médicos pode ser um caminho para suprir a carência de profissionais pelo interior do país, mas defende que médicos formados do exterior, brasileiros ou estrangeiros, passem pelo Revalida para atuarem no Brasil. Saiba mais.

Com o registro no Conselho Regional de Medicina de cada estado, o profissional é autorizado a atuar na UF, mas não significa que ele trabalhe de forma fixa por lá. No Acre, por exemplo, há 1.219 médicos com registros ativos, mas 146 informaram um endereço residencial fora do estado.

  • São Paulo possui mais registros de médicos entre os estados: 151,9 mil. Já o Amapá possui o menor número: 962;
  • O mesmo ocorre entre as 27 capitais: São Paulo (SP) tem mais registros (72,1 mil) e Macapá (AP), menos (887);
  • A maior densidade de médicos por mil habitantes está no Distrito Federal (4,7 médicos). A menor, no Maranhão (0,97 médicos);
  • Vitória (ES) tem 14,4 médicos a cada mil habitantes. É a maior densidade entre as capitais. A menor está em Macapá (AP): 1,7 médicos/mil habitantes.
  • Primeiro e último estados da lista, 79,7 mil médicos estão no interior de São Paulo e 32 atuam no interior de Roraima
O interior de Santa Catarina possui 2,25 médicos/mil habitantes. Em Roraima, há 0,15 médicos/mil habitantes. 

Os dados do interior contam todos os municípios do estado, menos a capital. A plataforma ainda não fornece dados por município ou áreas de concentração de acordo com a especialidade do médico, mas, segundo o CFM, os recursos devem estar disponível nos próximos meses.

3 - Comparação com outros países

O Brasil é um dos países que registraram maior crescimento no número de médicos para cada mil habitantes, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), órgão que divulga estatísticas anuais sobre saúde de países-membros e parceiros.

  • O atual índice brasileiro, de 2,56 médicos/mil habitantes, está próximo do que é registrado em outros países no mais recente levantamento da OCDE, de 2021;
  • No relatório, os Estados Unidos possuem 2,6 médicos/mil habitantes. Japão e Coreia do Sul possuem 2,5. A Colômbia tem 2,3 médicos atuantes para mil habitantes;
  • O atual percentual brasileiro é maior do que o registrado na China (2,2), na África do Sul (0,8) e na Índia (0,9);
  • Mas o Brasil ainda está longe de países como Grécia (6,2), Áustria e Portugal (5,3) ou Alemanha (4,4).
De acordo com o CFM, a tendência é de que, em 2028, o Brasil tenha 3,63 médicos por mil habitantes, caso seja mantido o mesmo ritmo de crescimento da população e de oferta de escolas médicas.

*G1

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