Você sofre, você envelhece, você prejudica, você infarta, você
adoece, você brocha, você morre.
Autoridades de saúde advertem:
essa é a nova mensagem que virá em breve para você, fumante; ou a quem planeja
começar a fumar.
A mudança faz parte do novo modelo de
advertência nos rótulos de cigarros e outros produtos derivados do tabaco no
país.
A previsão é que as embalagens atualizadas
desses produtos já comecem a circular em maio de 2018, quando a resolução entra
em vigor.
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As novas regras foram definidas pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que regula o setor, e publicadas
nesta sexta-feira (15) no Diário Oficial da União.
O novo modelo, no entanto, já era avaliado
desde abril.
Na prática, em vez do tradicional fundo preto
que fica na parte de trás da embalagem, o consumidor deve se deparar agora com
um fundo amarelo, com mensagens em letras pretas e vermelhas.
O tipo de imagem e recado conjunto também
muda. Em vez das palavras que representam o problema retratado, como
"impotência", o novo modelo traz um aviso: "Você brocha",
por exemplo. Em seguida, vem a mensagem: "Esse produto causa impotência
sexual".
VOCÊ, FUMANTE
O objetivo é reforçar o alerta sobre os danos
à saúde gerados pelo cigarro -cerca de 15% da população brasileira adulta é
fumante, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE.
Ao todo, a proposta é composta por nove novas
imagens, as quais devem ocupar 100% da face oposta à frente da embalagem. Os
temas das imagens são: câncer de boca, cegueira, envelhecimento, fumante
passivo, impotência sexual, infarto, trombose e gangrena morte e parto
prematuro.
Os alertas laterais e na frente do rótulo,
porém, também mudam -caso da inserção de um novo modelo gráfico para a mensagem
de proibição da venda para menores de 18 anos, a qual deve ocorrer em fundo
vermelho, e do alerta de "Perigo: produto tóxico", que deve anteceder
a mensagem que fica na lateral sobre a presença de substâncias tóxicas.
Segundo o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas
Barbosa, a ideia de novo modelo é trazer mais visibilidade aos alertas e uma
comunicação mais direta com o consumidor, em uma tentativa de reduzir o
consumo.
"Essa mensagem que vem na embalagem é
considerada internacionalmente como uma das medidas que, aliada a outras, são
importantes para reduzir o consumo de cigarro e inibir a experimentação por
crianças e adolescentes", afirma. "Como os contratos de uso de imagem
estavam vencendo, aproveitamos para fazer nova seleção, que foram testadas em
pesquisas de impacto", explica.
Para Adriana Carvalho, diretora jurídica da
ACT Promoção da Saúde, antiga Aliança de Controle do Tabagismo, a troca das
imagens e o novo modelo de advertência é "bem-vindo".
"A advertência tem essa função de trazer
a real imagem do que o cigarro representa. É uma medida que contribui com a
redução do tabagismo comprovadamente", diz. "Se fica sempre a mesma
imagem, acaba diminuindo a eficácia."
De acordo com Carvalho, apesar de trazer uma
mensagem direta (com o uso do "você"), o que ela avalia que pode ser
uma abordagem eficaz, é preciso ter cuidado para não culpabilizar o fumante.
"Estamos falando de um produto que 90%
das pessoas começa a fumar antes dos 18 anos e que causa forte dependência. O
livre arbítrio fica fortemente prejudicado no consumo do cigarro", afirma.
Para Barbosa, não há esse risco. "Não
acho que culpabiliza. Em imagens diretas como essa, que comunicam diretamente o
risco, a comprovação internacional é que elas ajudam a inibir a
iniciação".
Segundo ele, a nova norma vale para cigarros,
cigarrilhas, charutos, fumos de cachimbo, fumos de narguilé, entre outros.
Embalagens que não se adequarem até 25 de maio de 2018 não poderão ser
distribuídas ou expostas à venda ou devem ser recolhidas, sob pena de multa aos
fabricantes e aos estabelecimentos que vendem os produtos.
O valor pode chegar a até R$ 1,5 milhão, a
depender da infração, segundo a legislação em vigor.
CONVENÇÃO
A atualização nas imagens de advertência em
cigarro é um dos pontos previstos na Convenção-Quadro para o Controle do
Tabaco, acordo internacional do qual o Brasil é um dos países signatários.
A inserção de imagens de advertência no verso
da embalagem, porém, é obrigatória no país desde 2002. Já o primeiro alerta vem
desde 1988. No mundo, o Brasil foi o 2º a adotar a medida, hoje presente em 67
países.
Desde então, essa é a quarta alteração nas
imagens. A última ocorreu em 2009, quando a Anvisa aprovou os modelos atuais em
vigor.
A ideia é mostrar os efeitos do tabagismo,
hoje considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo, sendo
responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não
transmissíveis.
Segundo a Anvisa, o tabagismo também é fator
de risco para o desenvolvimento de outras doenças, como tuberculose, infecções
respiratórias, úlcera gastrointestinal, impotência sexual, infertilidade em
mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras. "Se a tendência
atual continuar, em 2030 o tabaco matará cerca de 8 milhões por ano sendo que
80% dessas mortes ocorrerão nos países da baixa e média renda", completa a
agência. Com informações da Folhapress.