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21/03/2017 10:25:57

Superação: Mulheres lutam para vencer a dependência química em Alagoas


Superação: Mulheres lutam para vencer a dependência química em Alagoas
Mulher de liberta das drogas m(Ilustração)

Mães, esposas, filhas, avós. Em círculo, elas expõem suas vidas, contam detalhes do submundo das drogas, com histórico de prostituição, abandono familiar, culpa e muita dor. Dezoito mulheres convivem hoje na comunidade acolhedora Casa Betânia, no Benedito Bentes, em Maceió. Elas lutam para combater um inimigo em comum: as drogas.

 

Todas as quartas-feiras, elas se reúnem na parte externa da casa cercada por muito verde para a terapia em grupo seguida de meditação guiada pelo psicólogo Josaias Soares. É neste momento em que elas colocam para fora as angústias, as dores, os traumas e as perdas causadas pela dependência química.

 

É o caso M.N.C.A., que conheceu o crack numa rodinha de amigos e ficou dependente da droga por quase 14 anos. “O crack me afastou da família, dos meus filhos, da minha terra. Por vergonha, saí de Recife e vim para Maceió. Morei num cabaré, onde me prostituí para sustentar o vício”, conta ela.

 

Cansada da exploração sexual, M.N.C.A foi parar nas ruas, mas continuou se prostituindo. “Para a mulher, acredito que é mais delicado, pois mesmo quem nunca se prostituiu, se vê obrigada a enveredar por esse caminho. Cheguei a ficar cinco noites sem dormir, só usando crack. Certo dia, conheci um rapaz, que me falou sobre o tratamento. Até então eu não sabia que existia”, revela.

“A partir daí comecei a perceber a circulação de carros com o nome Anjos da Paz pela cidade. E por meio do meu companheiro fiquei sabendo que eles também acolhiam mulheres. Decidi ir ao Centro de Acolhimento e fui encaminhada para a Casa Betânia, onde passei seis meses”, detalha.

 

Após tratamento, M.N.C.A. foi para uma casa de apoio, onde ficou quase dois anos longe das drogas. “Mas tive uma recaída, que serviu para eu perceber melhor meus erros. Agora, estou mais focada. Quando meus filhos souberam que voltei para cá, foi a melhor coisa. Quero muito tê-los por perto, conhecer meus netos e fazer faculdade de psicologia”, disse ela, ao enfatizar que pretende cuidar de dependentes químicos e moradores de rua.

 

Aos 42 anos, J.F.L perdeu tudo por causa do crack

J.F.L, de 42 anos, teve acesso ao crack por meio de amigos. Foram cinco anos de uso abusivo da droga. A vida, que antes era dedicada ao trabalho e à família, desmoronou de vez com a chegada do entorpecente.

 

Ao chegar na Casa Betânia no dia 1º de dezembro do ano passado, J.F.L. deixou para trás uma vida devastada e sonha com a sua reconstrução ao lado das quatro filhas e seus dois netos.

 

“A droga nos escraviza e nos afasta de quem amamos de verdade. O crack criou um abismo entre mim e minhas filhas. Perdi a oportunidade de acompanhá-las durante a gravidez.”, lamenta.

Após o uso do crack, J.F.L. percebeu que sua filha mais nova começou a perder o interesse pela escola e a apresentar comportamentos que antes não faziam parte do perfil da adolescente. “Era uma menina elogiada, estudiosa e dedicada. Por causa de mim, ela perdeu o ano na escola. Saber que eu fui a responsável por prejudicá-la, me causa muita dor, me abala muito”, descreve.

“O que me motiva a ficar aqui é: primeiro, por mim mesma como mulher.

 

Segundo: por minhas filhas, meus netos e minha mãe que tem deficiência física”, destaca.

 

“Não quero mais correr os riscos das drogas, das ruas. É humilhante, perdemos a noção das coisas, somos obrigadas a nos prostituir para manter o vício. O que eu digo hoje para todas as mulheres que enfrentam problemas semelhantes: procurem acolhimento, porque faz toda diferença. Aqui eu me fortaleço a cada dia”, afirmou.

 

Abandonada pela família, jovem busca forças para superar a dependência

Com histórico recorrente de abandono familiar, D.S. internou-se quatro vezes em diferentes instituições de acolhimento. A luta dela é também para combater a dependência do crack.

 

A mulher de 35 anos já morou em diversos abrigos e viu nas drogas uma forma de escapar da dura realidade vivida na Vila Brejal, onde residia, na periferia de Maceió.

 

As recaídas frequentes eram potencializadas com a ajuda dos vizinhos traficantes, que chegavam a oferecer a pedra de crack de graça. Mergulhada nas drogas e vivendo nas ruas, ela também se prostituía para ter acesso à droga.

 

Hoje, na comunidade acolhedora Casa Betânia, D.S. luta para nunca mais recair e busca motivação em seus sobrinhos, um deles muito amado por ela. “Tenho esse meu sobrinho como um filho. Não desejo para ele o que aconteceu comigo. Por isso busco forças para permanecer na sobriedade e nunca mais ver droga nenhuma na minha frente”, relatou.

 

A assistente social Lilian Almeida é quem cuida das mulheres na comunidade acolhedora. Ela explica que a Casa Betânia tem capacidade para 20 mulheres dentro do quadro de vagas gratuitas da Rede Acolhe, vinculada à Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), além de cinco vagas sociais.

“Aqui, elas encontram acolhimento residencial por seis meses, podendo ser prolongado por mais dois meses. O tratamento é pautado num projeto terapêutico que tramita por encontros cujos profissionais norteiam as acolhidas”, explica.

 

Quem precisar de acolhimento voluntário para se afastar das drogas, basta procurar um dos centros de acolhimento da Rede Acolhe, localizados em Maceió e Arapiraca. As 37 comunidades credenciadas pelo Governo do Estado acolhem homens e mulheres, adolescentes e adultos. Para mais informações, a Seprev disponibiliza o call center 0800-280-9390. <> Cada Minuto //



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