O
tema carne
e hormônios há
muito tem gerado grande debate entre pecuaristas, grupos vegetarianos e pessoas
que, de modo geral, buscam uma alimentação saudável. A confusão entre hormônios e antibióticos causa grandes mal-entendidos, bem como a falta de
especificação do que seriam os promotores de crescimento utilizados em muitas criações. Além disso, a legislação
específica de cada país atua como mais uma variável a ser analisada, permitindo
ou proibindo o uso dessas substâncias em cada caso. Por fim, há as diferenças
entre os tipos de hormônios, que podem ser esteroides ou proteicos, sintéticos
ou naturais; estes últimos presentes invariavelmente nas carnes, pois são parte
constitutiva do alimento,como a presença da androsterona na carne suína, por exemplo.
Hormônios
são substâncias químicas fabricadas pelo sistema endócrino ou por neurônios altamente especializados, funcionando como biossinalizadores. Esta substância é segregada em quantidades muito
pequenas na corrente sanguínea ou em outros fluídos corporais. Assim sendo,
podem ser produzidas por um órgão ou em determinadas células do mesmo. É libertada e transportada diretamente pelo sangue ou por outros fluidos
corporais.
A sua função é exercer uma ação reguladora (indutora ou inibidora) em outros
órgãos ou regiões do corpo. Em geral trabalham devagar
e agem por muito tempo, regulando o crescimento, o desenvolvimento, a reprodução e as funções de muitos tecidos, bem como os processos
metabólicos do organismo.
Carne bovina
A
utilização de hormônios na criação do gado de corte remete à história dessas
criações nos Estados Unidos, onde o uso do hormônio DES na engorda dos animais foi utilizado durantes décadas, até
ser abolido no ano de 1979. Outros hormônios, contudo, ainda são
permitidos naquele país, como hormônios sexuais, na produção leiteira e de
frangos.Todavia, o consumo de carnes com hormônios está relacionado, de acordo
com estudo publicado na Human
Reproduction, por exemplo, a uma possibilidade três vezes maior
de ter uma contagem de espermatozóides tão baixa que os homens avaliados
poderiam ser classificados como sub-férteis.
Atualmente
existem seis tipos diferentes de hormônios esteróides aprovados pela FDA: o estradiol, progesterona (hormônios sexuais femininos), testosterona (hormônio sexual masculino), zeranol, acetato de trembolona, ??e acetato de melengestrol (promotores de crescimento sintéticos). Os
seis tipos são autorizados na criação de bovinos e ovelhas, mas não em aves
domésticas e suínos. Na Europa, o uso de hormônios de crescimento está banido
desde 1988.
No
Brasil, por sua vez, o uso de tais hormônios em gado de corte também é
proibido, mas pode ser utilizado no tratamento de problemas reprodutivos dos
animais e
reporta-se ainda o uso, em pequena escala, no mercado ilegal. No caso do acetato de melengestrol, por exemplo, há registros
de pesquisas que o utilizam em gado bovino no país. No caso dos antibióticos, o uso indiscriminado tem
afetado o solo e até mesmo a contaminar vegetais, tal como mostrou pesquisa da
USP (Universidade de São Paulo).
Laticínios
A
somatotropina bovina é um hormônio produzido naturalmente pelas vacas leiteiras
que, a partir da década de 1980, passou a ser produzido em escala industrial,
graças à técnica do DNA
recombinante e do consequente aumento da
produção a partir de sua utilização, que torna o animal, no entanto, mais
suscetível à mastite.Tal hormônio é permitido tanto nos Estados Unidos
quando no Brasil. A União Europeia proibiu o uso do hormônio e em 1999 o governo canadense se
recusou a aprovação para a venda de rbGH para gado leiteiro, com base não
apenas nas preocupações sobre os efeitos para a saúde humana, mas também devido
à degradação dos animais acometidos pela mastite.
Em
relatório de 2010 publicado pela Universidade de Cornell, afirma-se que o uso de do
hormônio rbGH para gado leiteiro tem sido empregada nos Estados
Unidos há então apenas seis a sete anos e cânceres como o de mama podem levar
muitos anos para se desenvolver, sendo assim prematuros estudos sobre o risco
de câncer de mama de mulheres que bebem leite e comer produtos lácteos de
animais tratados com hormônios
Carne de frango
De
acordo com o pesquisador da Embrapa Gerson Scheuermann, a carne de frango,
assim como a de qualquer outro animal, contém hormônios naturais. Contudo, com
uma grande redução no tempo de abate das aves, que caiu de cerca de 6
meses para apenas 45 dias, a crença no uso de hormônios de crescimento ganhou
força, sendo recorrentes os alertas sobre os "frangos cheios de
hormônios" como um potencial perigo à saúde. Contudo, tais substâncias não
são empregados na avicultura, mas sim o uso de compostos promotores de crescimento produzidos pela indústria farmacêutica.
Andréa Machado Leal Ribeiro,
coordenadora do laboratório de nutrição animal do departamento de zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, diz
que "é um grande mal-entendido. Não existe nenhuma possibilidade de haver
uso de hormônio em frangos de corte. Os animais não respondem a essa
substância, e ela não é viável economicamente".
Apesar
disso, o uso de promotores de crescimento é proibido em muitos países da
Europa, uma vez que eles podem contribuir para a resistência das bactérias aos antibióticos, tornando os remédios desse
tipo ineficazes para doenças humanas. O mito do uso de hormônios na carne de
frango fez com que empresas como a Sadia anunciassem seus produtos como isentos de hormônios, gerando
um duplo engano no consumidor. A carne de frango possui hormônios naturais do
animal e nenhuma empresa frigorífica utiliza hormônios adicionais em sua produção.
Carne suína
Assim
como os demais animais, a carne de porcos também possuem hormônios constituvos
do próprio alimento. De acordo com estudo feito na Universidade Norueguesa de
Ciências da Vida, pessoas sensíveis ao odor da androsterona, um hormônio esteroide
encontrado em grandes concentrações nos porcos machos, pode explicar porque
muitos têm aversão à carne de porco. <> Wikipedia //