Argila, história e talento. Estes são os
elementos utilizados pela mestra artesã Dona Irinéia para criar suas famosas
esculturas. Natural do povoado de Muquém, em União dos Palmares, a artista de
70 anos começou a moldar panelas de barro ainda na juventude, para ajudar sua
mãe e colaborar com o sustento da família.
Cinquenta anos depois, os contornos
expressivos dos ancestrais quilombolas moldados por Dona Irinéia são
prestigiados mundo afora – com obras expostas em Recife, Rio de Janeiro, São
Paulo e Milão. Segundo a artesã, o interesse em partir para as esculturas
surgiu quando conheceu seu esposo, Seu Toinho. “Depois que eu cheguei na
companhia dele, foi que eu descobri essa arte”, conta.
Dona Irinéia molda a peça com a mão e, com o
auxílio de uma panela com água, molha a ponta dos dedos para dar a forma lisa
nas cabeças. Ela conta que as primeiras esculturas foram vendidas para fiéis
que pagavam promessas com as imagens em Juazeiro, no Ceará.
“Graças a Deus deu certo para mim, eu não
conto as cabeças que nós já fizemos. Umas 2 mil ou mais. Bota mil nisso. Um
tempo desse eu mandei 400 só para São Paulo, outras cem para uma pousada em São
Miguel dos Milagres, que sei nem para onde fica. Fora as que saem de vez em
quando – é quatro, cinco, 10, é 20...e sempre fazendo para não faltar”, diz.
Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, Dona Irinéia ficou entre as dez
finalistas do Prêmio Unesco de Artesanato da América Latina em 2004. Desde então,
suas esculturas se tornaram conhecidas em todo país. Em 2015 esculturas da
artesã foram levadas para Itália, a convite da Expo Milão, uma feira que reúne
obras de arte de 140 países.
“Eu fico bem satisfeita quando as pessoas vêm me procurar assim, para
saber do meu trabalho, fazer entrevista comigo, depois que Deus me amostrou
essa arte, graças a Deus, tem me ajudado muito”, diz, orgulhosa.
Semana do Artesão
Para celebrar e fomentar o trabalho e a história das pessoas que dedicam
a vida ao artesanato, como Dona Irinéia, o Governo do Estado realiza, de 15 a
18 de março, no Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan),
atividades em comemoração ao Dia do Artesão, festejado no dia 19 deste mês.
“A Semana do Artesão é mais uma homenagem que prestamos aos nossos
mestres e à arte alagoana. A cultura do nosso Estado tem um valor inegável e é
preciso fomentá-la e prestigiá-la, colocando o artesanato e nossos artistas no
lugar que eles merecem”, afirmou o secretário de Estado do Desenvolvimento
Econômico e Turismo, Helder Lima.
Além da Semana do Artesão, a Sedetur tem implementado diversas ações
para promover a atividade e facilitar a ponte entre artesãos e lojistas.
Em julho do ano passado, a Secretaria lançou o Catálogo do Artesanato Alagoano,
que registra todas as tipologias artesanais do Estado e conta com uma proposta
mais comercial, fornecendo informações de contato de artesãos. O Catálogo
vem sendo distribuído em feiras nacionais e galerias de arte de todo país.
A Sedetur instalou, ainda, placas do projeto Alagoas Feita à Mão nas
casas-ateliê de artesãos em diversos municípios alagoanos, a exemplo de Boca da
Mata e do povoado da Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar. As placas agregam valor e
deixam os locais marcados para o turista que passa pela região.
A abertura oficial da Semana do Artesão acontece às 9h do dia 15 de
março e contará com apresentações folclóricas e palestras. A programação
completa e o catálogo do Artesanato podem ser conferidos no site da Sedetur (www.sedetur.al.gov.br). <> TNH1
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