Seja aposentando
o acabamento em plástico, melhorando a qualidade da câmera ou apostando no
leitor de impressão digital, os fabricantes estão transformando os medianos
para alavancar as vendas da categoria nos próximos meses.
Um dos
principais símbolos dessa nova onda é o novo Moto G, um dos smartphones mais
populares no Brasil desde que a primeira versão foi lançada, em 2013.
Neste ano, a
chinesa Lenovo lançou em Barcelona dois novos modelos do aparelho com
acabamento em metal, que antes estava restrito à linha Moto Z, a mais avançada
- e cara - da marca.
O novo design
fez o smartphone se parecer menos com um intermediário, uma estratégia para
conquistar os consumidores que querem ostentar, mas não podem gastar muito.
"Chegou o momento de mudar o design da linha", disse Renato Arradi,
gerente de produtos da linha Moto.
Pela primeira
vez, um Moto G chegará ao mercado com leitor de impressões digitais, um recurso
que estava restrito à versão Plus do aparelho. E o componente está mais
avançado. Se antes ele só servia para desbloquear a tela mais rápido ou para
autorizar um pagamento com mais segurança, agora ele passou a funcionar como um
touchpad - superfície sensível ao toque dos notebooks.
Ele virou uma
alternativa aos botões virtuais do sistema operacional Android e sua função
muda dependendo do toque: para a esquerda, ele volta; para a direita, exibe os
aplicativos abertos naquele momento; dois toques bloqueiam a tela.
A Lenovo não é a
única a investir no design e no leitor de impressões digitais para dar ar mais
sofisticado aos aparelhos. A Alcatel, que ainda está engatinhando no mercado,
apresentou seu A5 LED durante o MWC: ele é o primeiro da marca a adotar o
conceito de módulos, que chegou às prateleiras no ano passado em smartphones
premium da LG e da Lenovo. Um deles é uma capa de lâmpadas LED, que se acendem
conforme a configuração do usuário. Não chega a ser uma inovação, mas a
possibilidade de customizar o aparelho pode agradar os mais jovens.
A empresa também
apostou no sensor de impressão digital. Para o presidente da Alcatel no Brasil,
Fernando Pezzotti, a ferramenta está perto de se popularizar no País. "É
um recurso que dá mais segurança e agilidade para o usuário", diz
Pezzotti. "Os brasileiros se interessam, especialmente porque já conhecem
a tecnologia, que foi adotada primeiro pelos bancos." O smartphone, que
deve chegar ao Brasil nos próximos meses, terá preço na faixa de R$ 1 mil.
A Sony, por
outro lado, decidiu investir num dos recursos preferidos dos usuários: a
câmera. A empresa lançou o XA1 e o XA1 Ultra, que trazem câmera com sensor de
23 megapixels, um dos motes do luxuoso Z5, lançado em 2015 no Brasil com preço
a partir de R$ 4,3 mil. "Estamos trazendo o que era premium para a faixa
intermediária, pois queremos que o consumidor fique contente por um longo
tempo, não só na hora da compra", diz o gerente de negócios da Sony Mobile
no Brasil, Renato Cechetti.
Recuperação
Tornar os
intermediários aparelhos mais atrativos faz parte da estratégia das fabricantes
para alavancar o mercado de smartphones, que está desacelerando desde 2015. Há
várias razões por trás disso, que passam pela ausência de grandes inovações das
fabricantes. Neste ano, por exemplo, a Samsung não apresentou o Galaxy S8, nova
versão de seu carro-chefe no MWC, como em anos anteriores, devido à crise
causada pelo recall e posterior cancelamento do Galaxy Note 7. O aparelho será
anunciado em março.
A sul-coreana LG
fez uma espécie de mea-culpa em seu principal evento em Barcelona. A empresa,
que lançou seu primeiro smartphone modular em 2016, abandonou o formato um ano
depois, devido às fracas vendas. "Estamos tentando aprender com o
consumidor, que está mais inteligente", disse o presidente da divisão
móvel da LG, Juno Chuo. "A corrida por especificações está quase no
fim."
Outro motivo é o
amadurecimento do mercado, em especial nos países desenvolvidos. Nos Estados
Unidos, por exemplo, 77% das pessoas já têm um smartphone, de acordo com dados da
Pew Research Center divulgados em janeiro deste ano - em 2011, o alcance da
tecnologia era de 35%. Isso tem feito os fabricantes olharem mais para as
necessidades de países onde os smartphones têm mais espaço para crescer, como o
Brasil.
"Desde
2015, os intermediários são os que estão ganhando mais espaço no Brasil",
diz o analista da consultoria IDC Brasil, Leonardo Munin. Segundo ele, os
smartphones com preço entre R$ 700 e R$ 2 mil representaram 63% das vendas no
País em 2016 - no ano anterior, eles eram 50% do total. "Só a faixa de
aparelhos entre R$ 1 mil e R$ 2 mil passou de uma fatia de 8% em 2015 para 19%
em 2016", diz Munin.
Com o acréscimo
de características mais sofisticadas, os fabricantes esperam que os
consumidores troquem mais rápido de smartphone. Segundo uma pesquisa de
intenção de compra feita pela IDC Brasil com 1,2 mil pessoas, 12% estão
dispostos a pagar R$ 1,5 mil em um smartphone em 2017, embora só 4% tenham
comprado um aparelho nessa faixa. <> Notícias ao Minuto //