Nome preferido de
Michel Temer para o Ministério da Justiça, o ex-ministro do Supremo Tribunal
Federal Carlos Velloso recusou o convite do presidente nesta sexta-feira.
Em uma nota
distribuída à imprensa, Velloso afirmou que comunicou a Temer sua
impossibilidade de aceitar o cargo.
"Não obstante meu
desejo pessoal de contribuir com o país, neste momento tão delicado,
compromissos de natureza profissional e, sobretudo, éticos, levam-me a adotar
esta decisão", disse o jurista no comunicado.
Velloso justificou sua
decisão pela dificuldade de deixar os contratos do seu escritório de advocacia.
Na quinta-feira, em
entrevistas, o ex-ministro havia confirmado o convite de Temer para ajudá-lo a
"salvar o país", mas informava que ainda precisava resolver questões
do seu escritório de advocacia e também a resistência da família, que preferia
não vê-lo no ministério.
O Plano inicial do
presidente era ver Velloso encabeçando o ministério e um outro nome, mais
ligado à segurança pública, a frente desta área, em uma secretaria reforçada. O
nome do ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame era
o preferido até meados desta semana.
No momento não há
novos nomes na mesa. O presidente deve reiniciar os contatos ao longo dos
próximos dias.
Mesmo com os planos
iniciais do governo de anunciar o novo ministro da Justiça apenas após a
sabatina de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal (STF), a recusa
de Velloso coloca ainda mais pressão sobre Temer.
Indicado pelo
presidente ao Supremo, para a vaga aberta com a morte de Teori Zavascki num
acidente aéreo, Moraes será sabatinado pelos senadores na próxima terça-feira e
deve ter seu nome confirmado pelo Senado até quarta-feira.
Sob críticas de que o
governo estaria tentando limitar a operação Lava Jato, Temer busca com a
escolha do novo nome para a pasta da Justiça mandar um sinal definitivo de que
não irá interferir nas investigações e avalia que "não pode errar",
segundo fontes palacianas.
A avaliação de
assessores próximos do presidente é que o governo desgastou-se o que podia com
a indicação de Moraes ao STF e com a transformação de Moreira Franco em
ministro, dando foro privilegiado a um aliado citado dezenas de vezes em
delação premiada da Lava Jato. <> Agência Reuters //