O número de
pessoas vivendo na pobreza no Brasil deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6
milhões até o fim de 2017, afirmou um estudo inédito do Banco Mundial divulgado
nesta segunda-feira (13/02). Segundo o documento, a atual crise econômica
representa uma séria ameaça aos avanços na redução da pobreza e da
desigualdade, e a rede de proteção social – como o Bolsa Família – tem um papel
fundamental para evitar que mais brasileiros entrem na linha da miséria.
De acordo com a
instituição, o aumento do número de "novos pobres" vai se dar
principalmente em áreas urbanas, e menos em áreas rurais – onde essas taxas já
são mais elevadas. O texto diz ainda que as pessoas que cairão abaixo da linha
de pobreza, como consequência da crise, provavelmente são adultos jovens, de
áreas urbanas, principalmente do Sudeste, brancos, qualificados e que
trabalhavam anteriormente no setor de serviços.
Para evitar o
aumento da pobreza extrema, o governo federal teria que aumentar o orçamento do
Bolsa Família neste ano para 30,4 bilhões de reais, afirma o Banco Mundial.
Porém, a própria instituição afirma que o ambiente desafiador de consolidação
fiscal no país dificulta o acréscimo do orçamento destinado à rede de proteção
social. Em 2017, o orçamento previsto para o programa de transferência de renda
é de 29,8 bilhões de reais.
A ampliação do
programa foi excepcionalmente rápida, com o número de beneficiários passando de
3,6 milhões em 2003 para 11,1 milhões de famílias em 2006. Em 2014, o programa
beneficiava cerca de 56 milhões de pessoas, ou 14 milhões de domicílios, ou
seja, um quarto da população do país. O gasto como percentual do Produto
Interno Bruto (PIB) cresceu de menos de 0,05% em 2003 para cerca de 0,5% em
2013.
Banco Mundial
fez simulações
Em análise de
dois cenários – um menos e o outro mais pessimista –, o Banco Mundial diz que o
primeiro prevê um aumento em 2017 de 8,7% para 9,8% na proporção de pessoas
pobres (considerando uma linha de pobreza de 140 reais), representando um
acréscimo de 2,5 milhões de pessoas. No cenário mais pessimista, há um
crescimento de 10,3% na proporção de pessoas pobres neste ano, o que representa
um acréscimo de 3,6 milhões de pessoas à população que vive na pobreza.
Por meio de
simulações, o Banco Mundial analisou a taxa de pobreza extrema no país,
calculada em 3,4% em 2015, levando em conta o incremento ou não no Bolsa
Família. No cenário menos pessimista, o número de pessoas extremamente pobres
crescerá 1,7 milhão – de 6,8 milhões em 2015 para 8,5 milhões em 2017, elevando
a proporção de pessoas extremamente pobres de 3,4% em 2015 para 4,2% neste ano.
O número de pessoas moderadamente pobres aumentará em 2,5 milhões, de 17,3
milhões em 2015 para 19,8 milhões em 2017.
No segundo
cenário – mais pessimista –, a taxa de pobreza extrema continua crescendo,
alcançando 4,6% em 2017, representando um crescimento de 2,6 milhões no número
de pessoas extremamente pobres entre 2015 e 2017, passando de 6,8 milhões em
2015 para 9,4 milhões em 2017. O número de pessoas moderadamente pobres
aumentará em 3,6 milhões entre 2015 e 2017.
Se o governo
federal aumentar o orçamento real do Bolsa Família para cobrir os "novos
pobres", conforme recomendado pelo Banco Mundial, a taxa de pobreza
extrema seria mantida no mesmo patamar de 2015, sendo que, no cenário menos
pessimista, a taxa de pobreza extrema aumenta de 3,4% para 3,5% em 2016 e 2017,
ao passo que, no panorama mais pessimista, a pobreza extrema cresce para 3,6%
em 2017.
13,6 milhões
de famílias recebem benefício em fevereiro
Segundo o
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS), mais de 13,6 milhões de
famílias receberão o benefício em fevereiro, sendo que o valor médio dele é de
179,62 reais. O recurso repassado varia conforme o número de membros da
família, a idade de cada um deles e a renda declarada ao Cadastro Único para
Programas Sociais do governo.
O programa é
direcionado para famílias extremamente pobres – com renda per capita mensal de
até 85 reais; e pobres – com renda per capita mensal entre 85,01 reais e 170
reais. O recebimento mensal do benefício pelas famílias está condicionado à
frequência escolar e ao uso de serviços de saúde materno-infantil. <> Agência
MSN // Autor: Fernando Caulyt