O
arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, concedeu entrevista coletiva na
quarta-feira (4) para afirmar que comunidades terapêuticas em Alagoas estão
sendo usadas com fins eleitoreiros. Para ele, essa prática ocorre há pelo menos
10 anos.
Dom
Antônio Muniz chegou à Arquidiocese de Maceió em 2007 e desde então, segundo
ele, vem alertando sobre o problema. “Sempre dialoguei com os responsáveis por
essas instituições para alertá-los sobre a verdadeira missão de uma casa de
acolhimento que é de beneficiar aqueles que precisam e não os seus gestores. A
ingerência política continua, há político mantendo as comunidades pensando na
próxima eleição e se ele perder, os trabalhos serão encerrados?”, questiona o
líder religioso que preside a Rede Cristã de Acolhimento e Recuperação do
Dependente Químico do Estado de Alagoas (Recriar).
A Recriar
quer, explica o arcebispo, que as comunidades terapêuticas sigam recebendo
recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) e de outras
fontes governamentais, mas que o controle financeiro não fique centralizado nas
secretarias. Segundo Dom Antônio Muniz, “isso aumenta os custos”.
Existem
onze comunidades terapêuticas ligadas à Recriar e caso os recursos
governamentais comecem a diminuir por questões políticas, o arcebispo diz que
vai às ruas reivindicá-los. “Se for preciso, vou chamar os responsáveis pelos
centros de acolhimentos, os padres e os fiéis. O que não podemos deixar é que
apenas comunidades que tenham dedo de políticos sejam beneficiadas por recursos
governamentais”, afirma.
A
Arquidiocese publicou decreto em 27 de dezembro proibindo as comunidades
terapêuticas ligadas à Recriar de manter relações políticas. As “que fizeram
uma opção político-partidária e de poder, tornando-se subsidiárias, estão
proibidas de usar o nome ‘católica’ e beneficiar-se dos ritos católicos”.
Seprev
garante não atuar com fins político-partidários
Na
entrevista em que concedeu, Dom Antônio Muniz ressaltou que a posição da
Arquidiocese é combater o uso político de recursos da Secretaria de Prevenção à
Violência (Seprev). O decreto da Igreja Católica às comunidades terapêuticas
ligadas à Recriar foi divulgado quatro dias após a troca de comando na
Secretaria.
No dia 23
de dezembro, Jardel Aderico deixou o comando da Seprev e em seu lugar assumiu a
assistente social Esvalda Bittencourt. Ambos foram indicações do deputado
federal Givaldo Carimbão (PHS).
A
assessoria de comunicação da Seprev, por meio de nota, afirmou não relacionar
suas ações ou os recursos com atividades político-partidárias.
“Assim
como a Arquidiocese de Maceió, defende a isenção política de todas as
comunidades e instituições acolhedoras de dependentes químicos, que devem estar
totalmente focadas no tratamento e recuperação das pessoas dependentes das
drogas. Assim, a Seprev afirma que todo o trabalho de prevenção ao uso de
drogas, recuperação do dependente químico e reinserção social e produtiva dos
mesmos fazem parte de uma Política Pública de Estado e devem ser vistos com
olhar sobretudo técnico e isento de qualquer envolvimento com políticas
partidárias”, diz a nota enviada à reportagem da Tribuna Independente.