Dados
do Comitê de Combate à Seca de Alagoas apontam que 86% da área que pertence ao
Estado vão enfrentar grave seca nos próximos meses. Segundo o Comitê, Alagoas
deve sofrer com um dos piores períodos de estiagens das últimas décadas. O
meteorologista Vinícius Nunes Pinho, da Sala de alerta da Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) explicou que a situação que o estado vai
enfrentar é alarmante.
“Cerca
de 77? dos municípios já estão em situação grave ou excepcional e esse será um
Verão bastante seco. Uma das causas foi a pouca chuva durante o inverno. Choveu
apenas 40% da média esperada”, explicou Vinícius.
Ainda
de acordo ele, a seca extrema é quando há grandes perdas agrícolas, com uma
escassez de água generalizada ou com restrições. Já a seca excepcional tem as
mesmas características da extrema, com acréscimo de escassez nos reservatórios,
córregos e poços, criando uma situação de emergência.
“Hoje,
o percentual da área excepcional está em 40% do estado, na parte oeste. Nos
próximos meses pode chegar próximo aos 80%. O percentual de 86% são as áreas de
seca excepcional mais grave e de seca severa um pouco menos intensa, porém
também grave”, explicou Vinicius Pinho.
De
acordo com o meteorologista, as áreas mais críticas atualmente são as que
correspondem ao Alto Sertão Alagoano, Sertão do São Francisco e parte do
Agreste e Zona da Mata.
Vinícius
Pinho disse que a previsão para o próximo ano é de chuvas um pouco mais
regulares, principalmente durante o período chuvoso que começa em abril. Porém,
como o déficit hídrico está muito elevado, com pouca água armazenada, ele não
acredita que será o suficiente para resolver o problema. Os próximos três meses
ainda serão muito secos, agravando a situação em curto prazo.
Vários municípios já passam por problemas devido à estiagem
Vários
municípios alagoanos já enfrentam problema com a estiagem. Em União dos
Palmares, a falta de chuvas e a situação do Rio Mundaú, que está quase seco,
obrigou o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) a estabelecer o racionamento
na cidade, através de um sistema de rodízio.
Em
Mar Vermelho, a situação também não é diferente. Na segunda-feira (12), a
Prefeitura do Município decretou situação de emergência.
Os
moradores estão sendo abastecidos por carros-pipa contratados pela Prefeitura.
A estudante Amanda Camassari, moradora do município, disse que têm residências
aonde não chega água nas torneiras há mais de 20 dias e que o problema ocorre
há mais de dois meses.
“A
salvação dos moradores são os carros-pipa. A situação está precária e só não
estar pior porque um fazendeiro também cedeu água mineral, que é com que nós
cozinhamos. Às vezes quando os funcionários da Casal soltam a água não passa de
20 minutos. Ontem à noite, quando eles liberaram, a água na torneira não durou
cinco minutos”, comentou.
A
Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) informou que a principal providência
tomada para garantir o abastecimento de Mar Vermelho será a interligação de um
poço à rede de abastecimento. Esse poço foi perfurado pela Semarh e a Casal
está adquirindo os materiais para que, até a próxima semana, possa iniciar a
obra de interligação. “Após o fim dessa obra, o abastecimento voltará a ser
feito pela rede”, declarou à reportagem.
De
acordo com a companhia, o colapso no abastecimento de Mar Vermelho ocorreu
devido à seca. “Com isso, a barragem que é o manancial usado pela Casal para
abastecer o município está com o nível muito baixo. Esse manancial somente será
usado de novo quando tiver água suficiente. Não há, portanto, previsão de
quando isso vai ocorrer, depende das chuvas”, explicou.
A
situação também está crítica em Palmeira dos Índios. A barragem Carangueja que
abastece 70% do município está quase seca. Para evitar o colapso total a
Casal, adotou o sistema de rodizio já há algum tempo. Algumas áreas da cidade
chegam a ficar sem água durante cinco dias.
A
Casal já havia alertado no início do segundo semestre para a baixa vazão em
reservatórios de água no interior, apontando um possível colapso hídrico em ao
menos 20 cidades do estado. Segundo o estudo da companhia, foi constatado que
12 municípios estão em situação de risco iminente e outros 14 com dificuldades
na distribuição. Tribuna Hoje //