O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento e a
cura de qualquer tipo de doença. Com o HIV não é diferente, mesmo não existindo
uma cura para a Aids – doença que pode ser adquirida pelo contagio do vírus HIV
-, o paciente sabendo que é soropositivo pode iniciar o tratamento no momento.
Dessa forma, pode retardar a evolução da doença e ter uma qualidade de vida
melhor.
Em especial, as gestantes que possuem o vírus, que se forem tratadas e
orientadas corretamente durante as etapas do pré-natal, as chances da criança
nascer livre do vírus chega a 99%.
Para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce do vírus HIV, o Ministério da
Saúde (MS), desde 2005, implantou na rede de atenção básica de cada município
do país o teste rápido que por ser um dispositivo simples não necessita de uma
estrutura laboratorial ou de uma equipe multiprofissional para realizar o exame
nos pacientes.
“O teste rápido pode ser feito por qualquer profissional da área de saúde
capacitado a partir de uma gota de sangue da ponta do dedo do paciente, com o
resultado sendo entregue em até 30 minutos. Diferente dos exames laboratoriais
que precisam ser feitos por profissionais especializados e com máquinas
específicas, além da ‘demora’ em obter o resultado que pode levar até 15 dias”,
explicou Scheila Cristina dos Anjos, técnica do programa estadual DST/Aids da
Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
A técnica ainda ressalta que caso seja necessário fazer
os exames em laboratório os pacientes do SUS em Alagoas só tem a disposição o
Lacen. “Por serem mais práticos, os testes rápidos são mais aconselháveis,
principalmente, para a população que reside no interior do estado e não possui
condições de se deslocar para a capital e realizar o exame laboratorial no
Lacen ou em clinicas particulares”, salientou.
Tratamento
Quando um paciente é diagnosticado com Aids ele é encaminhado para um dos
Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) - unidades de referência no
tratamento da doença.
Durante o tratamento o paciente é submetido a terapia antirretroviral (ART),
prolongando e dando uma melhor qualidade de vidas para muitas pessoas
contaminadas pelo HIV e diminuindo as chances de transmissão do vírus. Com o
diagnóstico precoce o paciente com HIV sendo tratado antes do avanço da doença
pode ter uma expectativa de vida igual a de uma pessoa que não possui o vírus.
Em Alagoas existem seis CTAs, uma na cidade de Arapiraca, uma em Delmiro
Gouveia, uma em União dos Palmares e três na capital que são o PAM Salgadinho,
o Hospital Escola Hélvio Auto e o Hospital Universitário Professor Alberto
Antunes (HUPAA).
Até o ano de 2020 a UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids
– traçou uma meta para o tratamento da doença em todo o mundo: 90% das pessoas
com vírus estejam diagnosticadas; destas, que 90% estejam em tratamento; e, 90%
das pessoas em tratamento, apresentem carga viral indetectável.
Esse é o caso da jovem de 25 anos S.C.F que vivia em situação de rua e usuária
de álcool e drogas desde os oito anos de idade, até que foi “resgatada” pela
equipe dos Anjos da Paz da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência
(Seprev) e encaminhada para uma instituição que cuida de dependentes químicos
após fazer diversos exames, e entre eles foi preciso fazer o teste rápido de
HIV.
“Quando os Anjos da Paz me tiraram das ruas, tive que fazer vários exames para
iniciar o tratamento e me livrar das drogas. Foi nesse momento que descobri ser
portadora do vírus HIV e sífilis, por causa da minha vida passada ligada à
prostituição”, disse S.C.F.
A jovem iniciou o tratamento em março deste ano e começou a tomar a medicação
no CTA do HUPAA. “Por meio da Seprev consegui todos os meus documentos e pude
dar entrada nos serviços do Hospital Universitário, e agora depois de sete
meses do início do tratamento os médicos já disseram que a carga viral está
controlada”.
A jovem diz que agora tem uma nova oportunidade de vida e que no HU e na
instituição onde mora desde que foi encaminhada pela Seprev, encontrou um
ambiente caloroso e acolhedor.
“Durante todo o tratamento tenho recebido muito carinho da equipe médica e de
todos da casa onde moro, diferente da forma que era com a minha família, onde
minha mãe e meu irmão são dependentes químicos”, disse SCF.
Casos
A ampliação do acesso da população a esse tipo de exame e com as capacitações
sendo feitas pela Sesau, os números de testes rápidos aumentaram
consideravelmente de 2015 para 2016. No ano passado foram realizadas 160.190
testagens e em 2016 (até o mês de outubro) já foram feitos 154.405 exames para
a detecção do vírus HIV.
“Em Alagoas, existem 98 municípios com profissionais de saúde – médicos e
enfermeiros - capacitados a realizar o teste rápido para a detecção do vírus
HIV, 90 destas cidades já estão fazendo os exames nas Unidades Básicas de Saúde
e os 4 municípios descobertos já estão em fase de capacitação e implementação
para a cobertura em Alagoas ser de 100% para o teste de HIV”, informou Scheila
dos Anjos.
Segundo estimativas feitas pelo UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre HIV/Aids - com base nos dados fornecidos em março de 2016, o número de
pessoas vivendo com HIV no país é de 830 mil casos
Mortalidade – De acordo com os dados do boletim epidemiológico HIV/Aids
publicado pelo Ministério da Saúde, desde 1980 – quando a doença foi classificada
como uma epidemia - até dezembro de 2014 ocorreram 290.929 mortes causas pela
Aids no Brasil.
E segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde,
15 mil pessoas morrem todos os anos por causas de doenças oportunista relacionadas
à Aids, já que o vírus HIV ataca as células de defesa do organismo fazendo com
que o corpo do soropositivo fique mais vulnerável a resfriados, gripes ou
problemas intestinais que podem evoluir para uma doença mais grave. Diário de
Arapiraca // Agência Alagoas