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Picos de agressividade, bruscas alterações
de humor, desinteresse sexual, desânimo para atividades de lazer, apatia diante
de tarefas domésticas, desleixo e baixa autoestima. Todos essas situações,
comuns no dia a dia dos pacientes com depressão, podem interferir diretamente
na vida conjugal, desgastando a relação. Mas o apoio do parceiro é, justamente, um dos pilares
fundamentais para a adesão do paciente ao tratamento.
Só
no ano passado, mais de 11 milhões de pessoas foram diagnosticadas com
depressão no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). E, embora a doença afete grande parte da população, ainda hoje está
envolta em desconhecimento e preconceito, dificultando a discussão sobre o tema
e, consequentemente, a busca por ajuda. Por isso, é papel do parceiro encorajar
seu companheiro a falar abertamente sobre o assunto, fortalecendo os laços de
confiança entre eles.
“Trata-se
de uma doença que traz um estigma para os pacientes, que muitas vezes não são
compreendidos nem mesmo pela família. Somente com informação de qualidade é que
os familiares poderão entender que se trata de uma doença reconhecida pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), que apresenta vários aspectos biológicos e
não tem nada a ver com preguiça, falta de força de vontade ou fé”, analisa o
médico Joel Rennó Jr., doutor em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), onde atua como professor colaborador, e
diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria da
USP (IPq-USP).
Como ajudar?
Uma
vez identificado o problema, o cônjuge poderá exercer um papel fundamental para
o sucesso do tratamento, atuando como um forte elo entre o médico e o paciente.
“Sem dúvida, a luta contra a desistência do tratamento é muito mais leve quando
o companheiro do paciente trabalha em conjunto com o médico, especialmente nos
casos graves de depressão”, ressalta Rennó Jr.
O
cônjuge pode, por exemplo, responsabilizar-se pela medicação, caso prescrita
pelo médico, lembrando ao paciente sobre os horários das tomadas. Ou, ainda,
poderá assumir temporariamente algumas das tarefas domésticas do companheiro,
como ir ao supermercado, entendendo que fadiga excessiva e apatia também podem
ser sintomas da doença. É possível, em outra frente, oferecer companhia para as
sessões de psicoterapia, caso o cônjuge concorde, bem como estimular que ele se
alimente bem, exercite-se e estabeleça um bom padrão de sono.
A
irritabilidade, outro sintoma comumente associado aos quadros depressivos, é
mais um componente que pode interferir diretamente na vida conjugal,
alimentando discussões e desgastando a relação. “Na verdade, são vários os
sintomas que podem atrapalhar um casal nos casos de depressão. Muitas vezes o
cônjuge se vê tomado pela impaciência diante de alguém que está apático,
irritado e sempre triste, alguém que tende a valorizar demais as casualidades
negativas e que pode até mesmo se tornar uma pessoa controladora, com medo de
que o familiar se afaste”, complementa o psiquiatra.
Perda de libido e vida sexual
Se
por um lado a depressão pode levar ao desinteresse pelo sexo, de outro muitos
pacientes temem que os próprios medicamentos utilizados no tratamento tenham
impactos negativos sobre a libido. Somam-se a essa preocupação as questões
estéticas, como as variações bruscas de peso, que muitas vezes também estão
relacionadas à depressão, o que também pode ter impacto direto sobre a
autoestima e a vida sexual do casal.
“As
pessoas chegam ao consultório com uma ideia distorcida sobre os efeitos
colaterais dos antidepressivos, que atuam de forma diferente em cada um dos
pacientes. Hoje, há medicações que já não exercem impacto significativo sobre o
peso do paciente nem sobre o desejo sexual”, esclarece Rennó Jr., lembrando que
outros fatores, físicos e psicológicos, podem interferir na libido, como
alterações hormonais, algumas doenças e a qualidade da relação conjugal e da
vida sexual no período anterior à depressão.
A
evolução no entendimento da depressão e o conhecimento cada vez mais
aprofundado dos fatores relacionados à doença têm possibilitado o
desenvolvimento de tratamentos cada vez mais modernos, eficazes e seguros, como
os antidepressivos de terceira geração. Com ação dual, esses medicamentos
conseguem equilibrar a disponibilidade de dois neurotransmissores importantes e
diretamente relacionados aos quadros depressivos: a noradrenalina e a
serotonina. Esse é o caso de Pristiq (desvenlafaxina), da Pfizer, que preserva
a libido do paciente e favorece o resgate da funcionalidade, restaurando sua
capacidade plena de atuação e ampliando, assim, sua qualidade de vida.