Todo Segundo //
Os brasileiros que foram as compras no mês de setembro
notaram que o preço dos alimentos subiu em ritmo menor em relação aos últimos meses.
De acordo com dados revelados pela IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplio), os itens presentes na categoria recuaram 0,29% ao longo do mês passado
e contribuíram para a alta moderada de 0,08% do índice geral.
O feijão-carioca, principal vilão da inflação
oficial nos primeiros meses deste ano, ficou 4,61% mais barato na passagem de
agosto para setembro. No mês anterior, o preço do grão já havia caído 5,6%.
Mesmo com as duas quedas consecutivas, o
tradicional alimento da mesa das famílias brasileiras ainda acumula alta de
125,67% em 2016. Em 12 meses, a disparada de preço do produto é ainda maior:
149,68%. Ou seja, com o valor desembolsado para comprar 1kg de feijão hoje, era
possível adquirir 2kg no final do ano passado e ainda sobrava dinheiro.
O economista do Ibre (Instituto Brasileiro de
Economia) André Braz afirma que o preço do feijão ainda tem espaço para recuar,
mas avalia que a queda não será suficiente para reverter os ganhos que fizeram
o produto mais que dobrar de preço nos primeiros meses deste ano.
— Acho que há espaço para [o preço do feijão]
recuar um pouquinho mais porque a terceira safra começou a ser colhida agora em
agosto. Isso ainda deve continuar favorecendo a cadeia de preços do feijão, mas
não a ponto de ele recompor o preço de antes dessa crise de oferta. Eu acredito
que ele possa cair mais 5% ou 10%, mas nada além disso.
Além do feijão-carioca, os feijões mulatinho (+
123,38%) e preto (+ 82,75%) fecham a lista dos três itens com o maior salto de
preços neste ano. Também presente na lista, o feijão-fradinho acumula alta de
57,57% no ano. Cabe ressaltar que os preços dos feijões mulatinho e fradinho
são analisados apenas em três das 13 capitais que compõem o índice.
Leite
O preço do leite longa vida, que também assustou
os consumidores brasileiros neste ano com uma disparada de 52,74% até agosto,
recuou 7,89% somente na passagem para setembro, de acordo com o IPCA e acumula
uma alta de 40,69% em 2016.
Braz, no entanto, avalia que, diferentemente do
que aconteceu com o feijão, o preço do leite foi inflacionado em função de um
“problema sazonal” em função da pouca quantidade de chuvas que caiu nas áreas
produtoras de gado e deve seguir em baixa por um período maior. Segundo o
economista, as condições desfavoráveis afetam o custo da produção do leite e
atingem o bolso do consumidor final.
— [Sem chuvas], o pecuarista entra com rações e
suplementos para manter o gado com o peso e com a produção de leite parecida
com a das épocas chuvosas. Mas ele não consegue. Não dá conta. Então, encarece
muito o custo da pecuária quando ele compra ração e complemente. Esses custos
são repassados para o preço final.
Para Braz, o preço do leite ainda pode ficar
mais baixo do que o registrado em setembro devido ao tradicional retorno das
chuvas nas estações mais quentes do ano.
— Eu acho que o leite ainda pode devolver boa
parte desses aumentos acumulados no inverno. Com as chuvas, o pasto floresce
rápido, o gado encontra capim a vontade para comer, o volume de rações é menor,
você diminui o custo porque o bicho encontra na natureza e aumenta a
produtividade.