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Em
1895, um industrial decidiu destinar a maior parte de sua fortuna à criação de
uma distinção nas áreas de física, química, medicina, literatura e promoção da
paz. A história por trás premiação.
A decisão do industrial sueco Alfred Nobel de reservar a maior parte de
sua fortuna para laurear "aqueles que, no ano anterior, mais fizeram pela
humanidade”, como expresso em testamento, foi recebida com espanto e críticas,
no início do século passado.
Alguns de seus parentes, claro, não gostaram de saber que a eles seria
destinado menos de 10% do patrimônio de Nobel, que havia feito fortuna com a
invenção da dinamite e fundado fábricas em vários países, e questionaram a
validade do documento.
A opinião pública sueca estranhou a decisão, pois a filantropia não era
habitual na época, e muitos não gostaram de saber que também estrangeiros
poderiam receber o prêmio em dinheiro, que ascendia a uma soma considerável.
Entre estes críticos estava o próprio rei da Suécia, Oscar 2.
Além disso, o fim da união entre a Suécia e a Noruega já se desenhava, o
que tornava delicada a outorga de um dos prêmios por uma instituição
norueguesa, como dito no testamento.
Nobel escrevera vários testamentos. O último foi assinado por ele em 27
de novembro de 1895, em Paris, e tornado público no início de 1897, um mês
depois da sua morte. O documento prevê a criação de cinco prêmios (três na área
científica, um de literatura e o prêmio da paz) e determina as instituições
responsáveis pela sua outorga.
Assim, o prêmio de fisiologia ou medicina deveria ser outorgado pelo
Instituto Karolinska, uma das maiores e mais renomadas faculdades de medicina
da Europa; os de física e química, pela Academia Real das Ciências da Suécia, a
principal instituição científica do país; o de literatura, pela Academia Sueca,
também a principal na sua área; e o da paz, pelo Comitê do Nobel, uma comissão
de cinco pessoas definida pelo Parlamento da Noruega.
Apesar de Nobel não ter explicado por que escolheu essas áreas, é
possível observar nelas coerência com a sua própria vida: a ciência era o
fundamento de seu trabalho profissional, como pesquisador e inventor que obteve
mais de 350 patentes; a literatura – e também a filosofia – lhe proporcionavam
prazer intelectual, não só como ávido leitor, mas também como o autor de poemas
e narrativas; e os esforços para a promoção da paz lhe eram uma questão cara.
Muitos estudiosos e biógrafos afirmam que esse interesse em particular
se deve à influência da pacifista austríaca Bertha von Suttner. Eles se
conheceram em 1876, em Paris, quando ela tinha 33 anos e ele, 43. Nobel já era
então um industrial de sucesso e dono de uma vasta fortuna.
Ela atendera a uma oferta de emprego, publicada num jornal de Viena,
para ser a secretária de "um cavalheiro de idade, de elevada educação e
muito rico”. Von Suttner ficou apenas uma semana com Nobel, mas os dois se
corresponderam até o fim da vida dele. À medida que aumentava o engajamento
dela pela promoção da paz, causa para a qual ela tentava conquistá-lo,
amadurecia nele a ideia de um prêmio para pessoas que contribuíssem para a
pacificação do mundo.
Nesse contexto, uma história frequentemente contada é de que Nobel teria
lido seu obituário num jornal francês, em 1888, e se chocado com a descrição
feita de sua pessoa no artigo com o título "O mercador da morte está
morto". O jornal havia se enganado, pois o morto era um irmão dele,
Ludvig. Não se sabe, porém, se essa história de fato mexeu com a consciência de
Nobel, um inventor de explosivos, e teve alguma influência na sua decisão de
criar um prêmio para a paz.
O testamento de Alfred Nobel foi reconhecido pelo Parlamento da Noruega
em abril de 1897, pelos herdeiros de Nobel em junho de 1898, e pelas
instituições suecas ao longo daquele mesmo ano, o que abriu caminho para a
criação da Fundação Nobel, em 1900. Os primeiros prêmios foram atribuídos em
1901.
Os critérios foram definidos pela Fundação Nobel: o prêmio pode ser
dividido por no máximo três pessoas e não pode ser concedido postumamente. Ele
é dotado de 8 milhões de coroas suecas. Além da quantia em dinheiro, o ganhador
recebe uma medalha e um diploma.
Em 1968, o Banco Nacional da Suécia criou o Prêmio do Banco da Suécia
para as Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel. A semelhança nos
critérios para a escolha dos laureados e na quantia distribuída, bem como a
coincidência da divulgação e entrega com os cinco prêmios da Fundação Nobel
levam muitos a chamá-lo de Nobel de Economia, apesar de não haver relação entre
as premiações.