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Cultura
24/09/2016 07:39:25

Dandara dos Palmares (Parte da história de Zumbi)


Dandara dos Palmares (Parte da história de Zumbi)
Ilustração

JMarcelo Fotos // Fonte Bantu

 

O assunto de hoje é o Quilombo dos Palmares. Assunto de certa forma bem citado nos livros de história, nos dias 20 de Novembro e quando o assunto é resistência negra. Sua principal liderança, Zumbi, também é bastante citada em nossa história. Contudo, o quilombo teve a liderança de uma mulher pouco lembrada pela historiografia tradicional, que necessita ser lembrada…

 

Os quilombos ficaram famosos na história do Brasil durantes os mais de 300 anos de escravidão negra africana em nosso país. Eram locais para onde os escravos fugiam em busca de liberdade, dignidade e distância da opressão da elite branca que os subjulgava na época. É neste contexto que surge o Quilombo dos Palmares.

 

O Quilombo dos Palmares é considerado o maior símbolo de resistência negra contra a escravidão no Brasil. Situado na Serra da Barriga, estado de Alagoas, no século XVI, teve em Zumbi dos Palmares seu principal protagonista e como coadjuvante histórico, o líder anterior a Zumbi, Ganga Zumba. Na maioria dos livros, são esses os nomes que aparecem com notoriedade quando se fala da história do quilombo.


O protagonismo dos dois líderes, nos últimos anos, recebeu uma companhia feminina: Dandara dos Palmares. Pouco citada, pouco falada, pouco conhecida, o fato é que a participação de Dandara tem se tornado cada vez mais comentada, pesquisada e divulgada. Embora as fontes sobre esta líder quilombola sejam poucas, estudos apontam que a líder de fato existiu, sendo a companheira do famoso líder Zumbi dos Palmares. Teve 3 filhos, vivendo boa parte de sua vida no próprio quilombo. Suas origens, como local de nascimento e nomes dos pais, são ainda desconhecidas.


Dandara ia além de seu tempo não apenas por liderar homens em uma época em que o machismo era legitimado. Chama a atenção o fato de as evidências indicarem que a companheira de Zumbi era uma guerreira, indo ao campo de batalha lutando ,liderando e assumindo papel de destaque. Uma história que lembra muito Tereza de Benguela.


Por outro lado, o descaso com a história de Dandara evidencia como a história tradicionalmente escrita pelas elites negligenciou os feitos das pessoas de outros grupos. Evidenciam o machismo, que impediu que a história tivesse a devida importância e o racismo, que tentou apagar as histórias de resistência tanto na época da escravidão como nas décadas seguintes.


A quantidade diminuta de fontes sobre Dandara não é tão surpreendente. Os escravos eram inferiorizados por baixo, não existia o porquê de registrar a história de escravos e escravas, considerados inferiores dentro da lógica etnocêntrica da época. Mas o fato de apenas líderes masculinos terem sido destacados posteriormente, após o fim da escravidão é bem significativo. Evidencia a necessidade de militância da mulher negra, em duas frentes: contra o machismo e o racismo.


Por outro lado, o fato de histórias como as de Dandara e Tereza estarem vindo a tona nos últimos anos, são evidências de que cada vez mais as barreiras do machismo e do racismo estão sendo rompidas, de maneira que o empoderamento e a auto-estima da mulher negra hoje é maior do que ontem, seja mantendo o cabelo crespo, pesquisando sobre a religião dos ancestrais, mantendo uma loja com estética afro, entre outras ações.


A necessidade de militância permanente continua, mas já começa a dar resultados, graças ao aumento da escolaridade, da expansão das redes de comunicação, dos movimentos sociais e, sobretudo, das “Dandaras” de todo país.



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