Gazetaweb // Eduardo Almeida
A análise do
perfil dos candidatos que disputam as eleições municipais este ano revela uma
mudança significativa no quesito grau de escolaridade. Na comparação com a
eleição de 2014, os dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) mostram que os postulantes a cargos públicos estão menos instruídos.
A Justiça
Eleitoral recebeu 192 pedidos de registro de candidaturas que apenas saber ler
e escrever. São os chamados analfabetos funcionais. Este é um dos requisitos
mínimos para que alguém possa disputar uma eleição.
O número de
analfabetos funcionais representa 2,69% das candidaturas, algo significativo,
principalmente se comparado à eleição de 2014, quando não houve nenhum
candidato com o mesmo grau de escolaridade. No pleito, foram disputadas vagas
para os cargos de governador, senador e deputados federal e estadual.
Outra mudança
está na média geral de escolaridade. Na última eleição, a maior parte dos
candidatos informaram ter nível superior completo. Eles representavam 40% dos
participantes do pleito. Nesta eleição, eles são 20%.
Logo em
seguida apareciam os que tinham nível médio completo, que totalizavam 31% dos
candidatos. Hoje, eles são 38% dos concorrentes. Já os que tinham nível
superior incompleto somavam 10% e atualmente são 5%.
O Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) informou que o grau de escolaridade é informado no
momento do pedido de registro de candidatura e que os postulantes a um cargo
público devem apresentar a documentação que comprove as informações fornecidas.
Mas, o TRE reconhece que não tem como checar a escolaridade dos inscritos.
Para o cientista
político Ranulfo Paranhos, o grau de escolaridade dos candidatos pode impactar
não apenas o resultado da eleição, mas também a campanha eleitoral. Segundo
ele, o baixo grau de instrução formal pode resultar na apresentação de
propostas incompatíveis com as funções postuladas e afetar, inclusive, o
processo de formação dos eleitores.
"Os
eleitores estão em processo contínuo de formação. Se o nível do debate de
propostas é baixo, isso será replicado. E, se esses candidatos forem eleitos,
vão ocupar cargos públicos. Mas como exercer bem sua função se não sabem ler e
interpretar aquilo que leem?", questiona.