Cada Minuto //
Quem acompanha
os discursos do governador Renan Filho (PMDB) sabe que um dos principais pontos
em que o chefe do Executivo bate nas entrevistas é a redução nos indicadores da
violência do Estado. Há anos que Alagoas lidera o ranking das unidades
federativas do país. A capital Maceió já chegou a ocupar as primeiras posições
entre as cidades mais violentas. Esta semana, mais uma vez o Mapa da Violência
serviu de “dor de cabeça” para o peemedebista.
Lançado em 2016,
ele reflete os dados de 2014. É bom que se diga isto para frisar o seguinte:
Renan Filho ainda não era o governador do Estado. Todavia, dá – mais uma vez –
a dimensão do desafio que o chefe do Executivo escolheu como cavalo de batalha.
É bem verdade que, conforme os índices da Segurança Pública, houve redução, mas
apesar de ser motivo para as peças publicitárias do governo ainda estamos longe
de patamares aceitáveis. Não é exclusividade de Alagoas, já que o país acumula
o assustador número de 57 mil homicídios por ano. Porém, o dado assustador é
que o Estado que tem 102 municípios consegue ter 27 cidades entre as 150 mais
violentas.
Um outro dado
emblemático para Renan Filho: Murici – a terra da família Calheiros,
consequentemente do governador – ocupa a segunda posição, entre as cidades do
interior, quando o assunto é morte por arma de fogo, com o impressionante dado
de 100,7 homicídios a cada 100 mil habitantes. No quesito mortes por arma de
fogo, Alagoas é o primeiro colocado com 56,1 a cada 100 mil habitantes. Maceió
ocupa a segunda posição com 73 por 100 mil. Perde apenas para Fortaleza que
alcança o índice de 81.
Divulgação
O novo Mapa da
Violência – os dados são divulgados todos os anos pela Faculdade Latino
Americana de Ciências Sociais – foi apresentado ao país na quinta-feira, dia 25
de agosto. No estudo, vale repetir, 27 municípios aparecem entre os 150
municípios do país com mais de 100 mil habitantes onde houve as maiores taxas
médias de homicídios. Entre os municípios alagoanos, além de Murici, a lista
segue com Pilar em 6º lugar, com taxa de 92,5, Marechal Deodoro aparece em 11º,
com 85,2 assassinatos, Rio Largo em 15º, com taxa de 80,5 homicídios, Arapiraca
em 18º com taxa de 79,7 homicídios, Maceió aparece em 21º lugar com taxa de
77,2 homicídios.
Não fica por aí,
quando o assunto é Alagoas. A lista segue com Coruripe na 31º posição, com taxa
de 66,7 homicídios, Santana do Ipanema em 38º lugar, com 64,1 mortes, Piaçabuçu
em 39º lugar, com taxa de 63,9 homicídios, São José da Laje em 40º lugar, com
63,6 assassinatos, São Miguel dos Campos em 41º, com taxa média de 63,3,
Joaquim Gomes em 45º, com 62,3, Viçosa em 63º com taxa de 56,5 homicídios por
cada 100 mil habitantes, Atalaia em 72º lugar, com 54,8 assassinatos, seguido
de Maribondo em 75º, com taxa de 53,8, Cajueiro em 76º, com 53,7 assassinatos,
Palmeira dos Índios em 81º lugar, com 52,8 homicídios e Teotônio Vilela com 84º
lugar, com taxa média de 52,6 homicídios.
No final da
lista ainda aparecem Messias em 88º lugar, registrando uma média de 51,2
homicídios, União
dos Palmares em 102º lugar, Branquinha em 103º posição, ambas com
uma taxa de 50,0 homicídios, Olho D’Água das Flores em 124º lugar, com taxa de
47,2 homicídios, Major Isidoro em 133º lugar, com taxa de 45,8 homicídios e
encerrando com Ibateguara em 141º posição, com taxa de 44,9 homicídios para
cada 100 mil habitantes.
A tabela foi
feita com base em dados colhidos entre 2012 e 2014 e mostra a posição que os
municípios brasileiros dentro desse conjunto ficariam. O estudo é coordenado
pelo sociólogo Júlio Jacobo e foi publicado pela primeira vez em 2005. As
informações que dão base ao estudo são obtidas no Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística (IBGE) e no Ministério da Saúde.
Alagoas:
perigoso para a população negra; governador comenta dados
O governador Renan Filho comentou os dados do Mapa da Violência durante uma solenidade no Teatro Deodoro, justamente quando homenageava profissionais da segurança pública. É que os dados tiveram repercussão nacional devido ao programa Profissão Repórter da Rede Globo de Televisão. Foi justamente o programa que classificou Alagoas como o estado mais perigoso para a população negra. Vale um adendo: diante dos dados que mostram o Mapa da Violência, com a posição de Alagoas no ranking e a situação destas 27 cidades, é possível afirmar que o Estado é um dos mais perigosos para se viver independente de raça, credo, orientação sexual ou gênero.
Renan Filho
reconheceu os dados alarmantes, mas voltou a frisar a luta do governo para
redução destes índices. “Eu não sei se o programa disse que nós fomos a única
capital do Nordeste a reduzir os números da violência. É um processo gradativo,
no qual diminuímos a cada mês esses índices e no final do ano, teremos uma
prova ainda mais clara disso”.
O governador
segue: “Ainda somos violentos, porque aqui se mata muita gente, negros, pobres,
associados ao tráfico, mulheres e homossexuais. Porém, estamos trabalhando”.
Renan Filho
destacou o que seriam conquistas de seu governo na tentativa de combater a
criminalidade. “Vemos aqui que a polícia está motivada para dar sequência à
redução dos índices de violência no Estado, o que é uma das principais metas de
governo e uma das necessidades do povo alagoano”, afirmou o governador.
O chefe do
Executivo ressaltou ainda o momento de crise e que mesmo assim foram garantidos
investimentos em segurança, promoção de policiais e o combate efetivo aos
crimes. De acordo com ele, são 1.203 entre praças e oficiais que subiram de
patente, sem contar a assiduidade pontual dos salários. Renan Filho lembrou do
fim dos gabinetes militares e o acordo salarial honrado com rigor. Para o
governador, portanto, apesar dos índices negativos, Alagoas é, no país, quem
mais reduziu a violência.