Você é daqueles que odeia encontrar um conhecido
na rua, não por que não goste da pessoa, mas porque precisa encontrar algum
tópico e conversar por alguns minutos? E os silêncios constrangedores no meio
da conversa? Não sabe o que fazer quando um colega está passando pela rua e faz
contato visual e você precisa caminhar por alguns longos segundos até ele
(afinal para onde olhar? você olha fixo para a pessoa? fica sorrindo? acena?)?
E, pior dos cenários, quando você encontra o chefe em um lugar fora do trabalho
(tipo o mercado)?
Não conheço ninguém que não sofra com a ansiedade social
em algum nível - mesmo os mais extrovertidos sofrem com ela de alguma forma.
Mas, por sorte, a ciência pode explicar algumas de nossas angústias e
preocupações - e, talvez, espantar algumas delas. Confira esses fatos:
1. Todo mundo está
olhando para você?
Por sorte isso não é verdade (a não ser naquela vez em
que você estava com uma cebolinha no dente #brinks). Pesquisas mostraram que
nosso cérebro é programado para achar que todo mundo está olhando para nós -
especialmente quando a pessoa está olhando vagamente em nossa direção. Cientistas da Universidade de
Sidney pediram que voluntários olhassem
fotos de pessoas e determinassem qual era a direção dos olhares nas imagens. Em
alguns casos, a resposta não era óbvia - a imagem podia estar borrada, a pessoa
podia estar de óculos escuros, etc. Em geral, os voluntários acreditavam que as
pessoas nessas imagens ambíguas estavam olhando para eles.
E essa nem é a pior parte. Quando pessoas estão, de fato,
olhando para você, o seu cérebro faz com que você tenha uma facilidade maior em
confundir suas expressões. Outro estudo pediu
que voluntários vissem filmagens de pessoas que mostravam expressões faciais
neutras ou de alguma emoção. Pessoas que se mostraram mais ansiosas afirmavam
ver emoções negativas mesmo em faces neutras.
2. Você precisa de
observações alheias para mudar
Você é tímido e precisa conversar com mais gente? Esqueça
aquela conversa de 'acreditar em você'. O que você precisa é que outros
acreditem que você é mais extrovertido. Pesquisas mostram que sua personalidade
muda de acordo com o que outras pessoas pensam de você. Quer exemplos? Cientistas pediram que
voluntários gravassem duas entrevistas em vídeo. Na primeira, eles deveriam
responder uma série de questões sobre como se sentiam sendo introvertidos. Na
segunda, como se sentiam sendo extrovertidos. Depois, uma outra pessoa entrava
na sala para assistir uma das entrevistas - que era escolhida de forma
aleatória. Invariavelmente, todos os participantes, mesmo os mais tímidos, eram
mais abertos com o estranho se eles acreditassem que a pessoa iria ver a
'entrevista extrovertida'. O oposto também se mantinha - elas eram mais tímidas
quando acreditavam que o estranho veria a gravação introvertida. Ou seja, a
mudança nem sempre vem de dentro, mas das expectativas externas.
3. Fale com estranhos
Você treme só de pensar naquela velhinha que entrou no
metrô sentando no seu lado, suspirando e comentando sobre o tempo? Pois a ciência prova que conversar
com estranhos pode ser extremamente bacana. Em
uma série de estudos, voluntários deveriam conversar com estranhos e com seu
parceiro romântico - mas, antes de conversar, deveriam dar uma nota que
representasse sua expectativa em relação ao papo. Depois da conversa, deveriam
dar outra nota final. Invariavelmente, a nota final da entrevista com o
estranho era maior do que a nota da expectativa. Em outro estudo, cientistas
forçaram pessoas a sentarem sozinhas ou com um estranho em um ônibus. Os
voluntários corajosos que resolveram sentar com pessoas desconhecidas acabaram
descrevendo o trajeto de busão de forma mais favorável do que os
#foreveralone.
4. Fazer novos amigos
não é difícil
Pesquisadores pediram que participantes de um estudo conversassem
entre si durante 45 minutos, usando uma série de perguntas pré-estabelecidas -
coisas como 'quando foi a úlitma vez que você cantou em voz alta?' e 'quando
foi a última vez que você chorou na frente de alguém?'. Os participantes foram
divididos em dois grupos - o primeiro conversava com pessoas 'compatíveis',
como se tivessem sido selecionadas através de um serviço online de namoro. O
segundo teve uma distribuição completamente aleatória. E, estranhamente, nos
dois casos, 90% dos participantes disse que a interação foi positiva.
Um editor da Wired decidiu
replicar o estudo em 2011, usando empresários, executivos, etc. Os resultados
foram os mesmos.
5. Você é melhor de
papo do que imagina
Pare de lembrar daquela vez bizarra em que chamou um/a
pretendente pelo nome do/a ex. Ou de se apegar àqueles silêncios
constrangedores entre um tópico e outro da conversa. A pessoa com quem você
está falando também se sente ansiosa - e isso é completamente normal. Estudos
mostraram que uma conversa normal contém cerca de 10 silêncios
constrangedores por minuto - incluindo
aqueles bugs em sua mente que fazem você ficar um tempão travado em um som como
'aaaah' e 'eeeeh'. Todo mundo é estranho. Aceite isso e viva melhor.
Revista Galileu – Luciana Galastri