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31/12/2009 00:00:00

Especiais


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com gazetaweb // dulce melo

O ano de 2009 finda com um número de mortes violentas considerado elevado, embora apresente queda se comparado com o anterior. Muitos assassinatos foram contabilizados tanto na capital quanto no interior de Alagoas. Na lista do Comando de Policiamento da Capital (CPC) até esta data (31), foram assassinadas cerca de 860 pessoas. Pelos cálculos do Comando de Policiamento do Interior (CPI) foram executadas 569 e mais 147 cadáveres foram achados, provavelmente vítimas de homicídio. Também foram registrados 21 crimes por latrocínio. Assim, no Estado, ainda extra-oficialmente, até o último dia do ano foram constatadas 1598 vítimas. Em 2008, a Secretaria de Defesa Social divulgou 2.060 crimes.

A socióloga e doutora Ruth Vasconcelos, professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), acompanha diariamente a estatística de homicídios, expondo os resultados em um painel no Campus Universitário, em Maceió. Apesar de a quantidade estarrecer a sociedade, ela é enfática ao falar sobre o assunto lembrando que isso não ocorre somente em Alagoas.

“Em todo o Brasil acontece isso. Evidentemente a repercussão aqui é mais forte mediante a população, então passa a ser proporcionalmente maior em relação à porcentagem em outros lugares”- ressalta a socióloga.

Para ela, os crimes acontecem em consequência da intolerância. “É como se as pessoas fossem envolvidas por um sentimento pelo qual não suportassem quem incomoda e vão eliminando o que é considerado obstáculo, por exemplo, quem está lhe devendo, quem lhe faz sofrer. Muitas mortes vêm por uma briga no trânsito, com vizinho, namorado”- afirma Ruth.

Ela entende que é tempo de mudança de valores e lembra que o problema existe em todas as camadas sociais. Concorda que a droga contribui fortemente com a questão da violência e diz que os jovens fazem uso de entorpecentes por que são absorvidos pela incapacidade de viver os limites da vida. “Os jovens ricos e pobres lançam mão da droga para se fortalecerem e aí fazem muitas coisas, inclusive se matam”- conclui.

Segundo a Diretoria de Estatística e Informática da Polícia Civil de Alagoas (Deinfo), em 2009, em Maceió, ocorreram 422 homicídios nos seis primeiros meses do ano, contra 585 nos seis primeiros meses de 2008.

Polícia

Com os números apresentados, os comandantes do CPC e CPI se manifestam. O tenente-coronel Mário Jorge da Hora, comandante da Capital, disse que a redução apresentada num comparativo com 2008 é efeito de novas medidas adotadas no processo de controle da violência.

“Claro que os elementos não são visíveis e os resultados tampouco imediatos. Mas, já apareceram e são mostrados na redução em vinte por cento no número de homicídios, pelo que temos registrado”- ressalta Da Hora.

O tenente-coronel Mário Sérgio, do Interior, disse que a nova estratégia dentro da Polícia Militar é a de polícia por resultados e que cada comandante de batalhão deve estabelecer a sua para reduzir os números da criminalidade.

“O combate à violência exige um planejamento e também um trabalho de convencimento dentro e fora da instituição. Temos bons policiais, aqueles com mais entendimento para essa fase de mudança, mas, também, os de mente arcaica e isso requer uma mobilização. A sociedade também precisa entender que a polícia sozinha não resolve todas as situações, ela é importante e deve somar, participar. Uma das coisas boas que aconteceu na corporação foi a implantação da Polícia Comunitária que permite uma maior proximidade entre polícia e sociedade e esta não pode nunca perder a confiança nos órgãos públicos. É preciso deixar claro que a polícia não resolve as questões sociais, por essa razão é necessário que ações sejam implantadas e que as pessoas também tenham referências políticas”- diz o comandante, referindo-se a representantes do povo que dão maus exemplos que podem ser copiados.

Ambos (CPC e CPI) falam sobre a divisão de responsabilidades nas áreas (Polícia Civil e Polícia Militar) e asseguram que somente com um trabalho mútuo tudo seria agilizado.
Eles esclarecem que, atualmente, cada batalhão tem uma área, mas nem sempre a delegacia do local responde por ela. Logo, o trabalho fica solto. Os coronéis falam sobre este modelo de polícia já adotado por outros estados como Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo.

Nestes, para cada área de responsabilidade de uma unidade militar, existe uma delegacia com sede no local.



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