Interior

Como muitas pessoas sabem mundo afora, e especialmente no Brasil, a contar do ano de 1938, o 28 de julho ficou na história da humanidade também devido a um massacre ocorrido nos esmos do Nordeste deste País. Mais exatamente numa grota da fazenda Angicos, no município de Porto da Folha, no Estado de Sergipe, depois de o “Capitão” Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião” atravessar o Sertão alagoano pela derradeira vez com os criminosos que liderava.
Naquele dia, caía morto o mais célebre dos cangaceiros que fizera daquela região um de seus principais “coitos”, até ser traído por gente da sua confiança, depois de duas décadas de vida bandida.

Polêmica gera três novos livros
Curió dizia que não matou ninguém antes de ser cangaceiro. Em 1975, aos 68 anos, depois de viver como prisioneiro desde 1945, por novos homicídios e outros crimes em Alagoas e Pernambuco, aparecia na imprensa, através de O Globo, como um dos poucos cangaceiros ainda vivos, confessando a sua admiração por Lampião, tratando o antigo e valente comandante como herói, a exemplo de outros e não raros brasileiros.

REI DO CANGAÇO
Misto de herói e bandido, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, morreu num 28 de julho abatido por um “macaco” da volante alagoana que perseguia o mais temido cangaceiro que existiu. Ontem, completaram-se 69 anos do fim do Rei do Cangaço. O significado desse homem ainda é uma polêmica entre historiadores e pesquisadores brasileiros. Em entrevista exclusiva à Gazeta, o maior especialista no assunto, o professor Antônio Amaury Corrêa de Araújo, diz que encontrou pelo caminho uma imensidão de erros biográficos e invenções que nada têm a ver com a verdadeira história de Lampião. Autor de dezenas de obras sobre o assunto, ele trabalha em novos livros e, como sempre fez, percorre o Brasil para debater as origens, o caldo de cultura e os sinais de hoje em dia que ainda desafiam o olhar crítico sobre o cangaço – um dos mais importantes fenômenos sociais surgidos no Brasil.