"A inflação está muito alta e entendemos as dificuldades que isso está causando", disse o presidente do Fed, Jerome Powell. "E estamos nos movendo decisivamente para derrubá-la".
De todos os efeitos que um aumento das taxas de juros pode ter, o mais óbvio é que consegue controlar o aumento do custo de vida.
"Quando a taxa sobe, em teoria, a demanda deve moderar e isso gera menos pressão sobre a inflação", diz Elijah Oliveros-Rosen, economista sênior da divisão Latin America Global Economics & Research da consultoria S&P Global, à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
"O aumento das taxas é uma tendência global", acrescenta, mas alerta que tem avançado em ritmos diferentes em diferentes partes do mundo.
"Começou no ano passado na América Latina. Depois vieram os Estados Unidos, depois o Reino Unido e depois a Ásia. Agora, chegou a vez do Banco Central Europeu", diz o economista.
Essas são algumas das consequências mais importantes geradas pelo aumento das taxas de juros.
1. É mais caro pedir dinheiro emprestado
Os bancos comerciais cobrarão juros mais altos para emprestar dinheiro.
Mesmo que você não solicite um empréstimo diretamente, mas use o cartão de crédito, ele funciona com taxa variável.
Ou seja, você não pagar sua fatura em dia, "a multa" virá através da cobrança de juros muito mais altos.
Resumindo, como é mais caro fazer um empréstimo, seu poder de compra é reduzido.
Por outro lado, as empresas utilizam muito o crédito para investir, de forma que o aumento dos juros não incentiva o investimento.
E também torna o custo do financiamento fiscal mais caro para os países.
Isso significa que, quando emitem um título, precisam oferecer uma taxa de juros mais alta para convencer os credores de que estão fazendo um bom negócio ao emprestar recursos.
Basicamente, o governo tem que pagar mais aos investidores.
"É por isso que o capital se move para países que oferecem taxas de juros mais altas em busca de melhores retornos", diz Pablo Gutiérrez, pesquisador da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, à BBC News Mundo.
2. Favorece a poupança
Da mesma forma que o aumento das taxas desestimula o consumo, favorece a poupança.
A poupança torna-se mais atrativa porque aumenta a lucratividade, ou seja, é mais lucrativo ter dinheiro no banco.
No final das contas, diz ele, "há menos dinheiro na economia e, portanto, há menos pressões inflacionárias".
Mas aumentar as taxas não é uma receita mágica, o que explica por que funciona melhor em alguns países do que em outros.
3. Pode afetar o crescimento econômico
A onda global de aumento das taxas de juros "gera um efeito de moderação para o crescimento econômico", explica José Luis de la Cruz, diretor do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Crescimento Econômico (IDIC) do México.
O aumento das taxas afeta a capacidade de investimento das empresas e a procura de crédito ao consumo num contexto bastante complicado a nível global.
Um contexto em que se verificam uma recuperação precária da economia europeia, um ligeiro abrandamento em algumas zonas dos Estados Unidos e dificuldades vindas da China, tanto pelo menor crescimento econômico do gigante asiático, quanto pelos problemas causados ??pela covid-19, diz o economista.
"O mundo caminha para uma transição de uma economia com pouco crescimento e alta inflação, para uma economia que conseguirá conter as pressões inflacionárias nos próximos dois ou três anos, mas com certas limitações de crescimento", explica de la Cruz à BBC News Mundo.
Nesse sentido, "é uma má notícia para um mundo que acaba de sair de uma das piores recessões dos últimos 90 anos e agora se encontra novamente em um cenário econômico restritivo devido à pressão inflacionária, ao aumento das taxas de juros e baixo crescimento.
No entanto, assim como taxas de juros mais altas podem desacelerar o crescimento, elas também podem reduzir a inflação.
O que fica claro é que encontrar o equilíbrio nas decisões de política monetária conforme as necessidades de cada país não é uma tarefa fácil.
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