Em períodos de retração econômica, como agora, a qualificação do profissional torna-se fator determinante na hora de se disputar uma vaga no mercado de trabalho. As especializações, em diferentes níveis, podem garantir não só emprego, mas atualização profissional, ascensão da carreira e até aumento salarial. Justamente por se tratar de um momento crítico, o fator financeiro é um obstáculo para a realização de cursos com o objetivo de melhorar o currículo. Importantes em qualquer momento profissional ou econômico, os diferenciais também podem vir por meio de cursos gratuitos.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), atualmente, dedica dois terços (66,66%) da receita líquida de contribuição compulsória geral ao custeio, ao investimento e à gestão, de forma a viabilizar vagas gratuitas em cursos técnicos e de formação inicial e continuada. De janeiro a setembro deste ano, o total de hora-aula por aluno foi de 75.331.151 na última modalidade citada.
Entre os cerca de 70 países que disputam a Worldskills - competição mundial das profissões técnicas -, o Brasil ficou em 1º lugar em 2015, em São Paulo; ocupou o 2º lugar em 2017, em Abu Dhabi; e 3º lugar em 2019, na Rússia. "Em um país que amarga números crescentes de desemprego, a pesquisa de egressos de 2020 mostra que sete em cada 10 ex-alunos do Senai estão empregados e aqueles com curso técnico têm 22,7% a mais de renda média. Dados mostram, ainda, que ex-alunos dos cursos de qualificação profissional têm 30% a mais de chance de conseguir emprego no período de um ano após terem sido demitidos", afirma Felipe Morgado, gerente-executivo de educação profissional do Senai.
Gabriel Aguiar, 23 anos, é aluno do curso técnico em serviços públicos no Instituto Federal de Brasília (IFB) e foi selecionado por meio de sorteio eletrônico. Entusiasta dos cursos gratuitos, o rapaz também cursa ensino superior a distância em administração pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi), com bolsa de 100% do Prouni. Estagiário na Confederação Nacional da Indústria (CNI), recentemente iniciou um curso de programador full stack no Senai, indicado pela entidade empresarial.
O estudante conta que se divide entre os cursos e o estágio com planejamento. Partindo das especializações, ele consegue se imaginar fazendo uma pós-graduação em gestão de projetos e seguindo nessa área, de gestão e TI. "Pretendo estudar para concursos, mas, a curto prazo, busco efetivação aqui na CNI e, caso não consiga, pretendo ingressar em uma empresa de TI para atuar como gestor, líder ou interlocutor de projetos, ou em uma equipe de desenvolvimento", explica.
Desenvolvedor por natureza, escolheu administração porque queria entender um pouco dos processos empresariais. Não era exatamente o que ele queria, mas o fator decisivo foi a gratuidade do curso: "Não precisei tirar uma nota altíssima para entrar em uma faculdade", conta. O estudante tem uma qualificação profissional em inspetor de análise da qualidade e um curso profissionalizante de auxiliar administrativo, todos realizados de forma gratuita.