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Geral
25/11/2021 03:00:00

"Queremos justiça", dizem parentes de padeiro morto por PM há dois anos em Cruz das Almas


Dois anos e dois meses atrás, o padeiro Marcos Firmino dos Santos foi morto depois de ter sido atingido por um tiro disparado por um policial militar durante perseguição a suspeitos de assalto no bairro de Cruz das Almas, em Maceió. A vítima pilotava uma moto pela avenida Gustavo Paiva quando foi ferida na barriga pela bala perdida. Marcos, que tinha 34 anos, não resistiu e morreu antes do resgate. À época, o caso teve grande repercussão no estado, e hoje, a família de Marcos pede respostas sobre o andamento do processo e cobra mais celeridade da Justiça sobre o julgamento do autor dos disparos, o cabo Clevison de Almeida Teixeira.

A reportagem do programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara, esteve na manhã desta quarta-feira, 24, na casa dos pais do padeiro e foi informada de que o último contato do Judiciário com os parentes aconteceu há nove meses. Desde então, segundo a família, não houve mais atualização no processo. Clevison aguarda o julgamento em liberdade.

"De lá para cá teve apenas a audiência em fevereiro, e depois não houve mais nada. Quando a gente foi, chegamos lá, teve audiência, mas depois foi cancelada, porque falaram que faltou uma testemunha chave. Nós perguntamos e eles não falaram quem era. Então não tive mais nenhuma informação. Ninguém fala mais nada e a gente fica nessa agonia", disse Maria José, viúva de Marcos, abalada com a situação.

A mãe da vítima, dona Quitéria, disse que ainda sofre todos os dias com a perda do filho e pede uma definição da Justiça. "É muito sofrimento. Uma parte de mim se foi. Meu caçula, inocente, sem saber porque morreu. Matou uma parte da família. Um menino bom, trabalhador, não tinha envolvimento com nada, não fazia mal pra ninguém, foram dez anos no mesmo trabalho, cuidando dos meninos dele... A dor que fica também é pelas crianças que estão sofrendo pela falta do pai. Todos os dias eles perguntam e dizem que o papai virou uma estrelinha que está no céu. Uma dor muito grande que não passa", contou emocionada.

"Eu pelejo para me controlar, mas uma parte de mim ficou embaixo da terra. Eu começo a pensar nele, e a saudade é grande. Eu não sei como estou vivendo. Sei que não vou trazer meu filho de volta, mas quero que seja feita a Justiça, porque esse homem agiu errado, não era para ele ter feito isso. Ele atirando ali, ele sabia que ia atingir alguma pessoa. E meu filho amado, inocentemente, foi a vítima", continuou Quitéria.

Adelson, irmão de Marcos, lamentou o tempo de espera dos parentes pelo julgamento e criticou a atitude do policial, que de acordo com ele, não deve ficar impune, pois sabia do risco de atirar em via pública.  "Um ato despreparado de um cara, que para mim não teve nem treinamento para entrar na corporação da polícia. Se ele queria ser herói, ele tinha que ter atravessado a pista e ido atrás dos bandidos [...] Queria que a justiça não engavetasse o caso, a família só quer que ele pague pelo que ele fez".

"Queríamos saber se ele vai pagar pelo que fez com meu filho, que ele fizesse com os bandidos, mas que não tirasse a vida de um pai de família", completou seu Antônio, pai do padeiro.

Audiência de instrução marcada para maio de 2022 - Em contato com a produção da Balanço Geral Alagoas, o Tribunal de Justiça comunicou que processo envolvendo o policial vai ter continuação na audiência de instrução marcada para às 9h do dia 02 de maio de 2022, na 7ª Vara Criminal da Capital.

Segundo os autos, no dia 30 de setembro de 2019, a autoridade policial representou o acusado solicitando apenas medidas cautelares diversas da prisão e o Ministério Público Estadual se posicionou favorável ao pleito da autoridade policial. 

Na ocasião, o magistrado destacou que o clamor público, devido ao repúdio à prática criminosa, não era o bastante para justificar a prisão provisória. O juiz então decretou que o réu cumprisse as seguintes medidas cautelares: comparecimento mensal em Juízo para informar e justificar suas atividades; proibição de ausentar-se da Comarca; suspensão do exercício da função pública como Policial Militar do Estado de Alagoas, até ulterior deliberação; proibição de exercer segurança privada; e suspensão do direito de posse e porte de arma de fogo.

TNH1



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