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Educação
12/10/2021 12:00:00

Saúde mental dos professores melhora após retorno presencial

Pesquisa revela que 47,8% dos profissionais da educação básica avaliam que a saúde mental atualmente está "boa" ou "excelente". Em 2020, eram 26%


Saúde mental dos professores melhora após retorno presencial

Pesquisa feita pela associação Nova Escola aponta melhora na saúde mental de professores de escolas públicas e privadas em 2021. Segundo os dados, 47,8% dos profissionais da educação básica avaliam que a saúde mental atualmente está “boa” ou “excelente”. Em 2020, eram 26%. Mesmo com a melhora nas estatísticas, a pandemia deixa sequelas para aqueles que voltaram para as aulas presenciais.

André Dantas, professor de geografia do 6° ano na rede particular conta que estar em sala de aula é terapêutico. “Sempre foi um processo, eu me preparava, dava as aulas, os alunos tiravam as dúvidas e tudo isso com bastante humor e espaço, eles tem prioridade total dentro das sala de aula e somos muito próximos”, afirma. Para o professor, o período em aulas remotas dificultava a conexão com os estudantes.

De acordo com a pesquisa, 79% dos educadores já voltaram a trabalhar nas escolas, com aulas híbridas — parte presencial e parte on-line. Dantas conta que durante o período mais crítico da pandemia, teve sintomas de ansiedade e estresse devido a falta de contato com outras pessoas “sempre gostei de estar próximo das pessoas, então desde o início da pandemia minha esposa e eu cumprimos o isolamento social, deixando muitas vezes de ver meus pais, amigos e pessoas da família”, explica.

O professor de ensino técnico na rede pública Augusto Rodrigues fala que a volta às aulas melhorou a questão da interação com os alunos: "Como professor, gosto do contato com os alunos, da energia e troca de vivências, que a sala de aula nos proporciona”, relata. No ambiente virtual a interação era quase nula”. Em nota, a gerente pedagógica e editorial da Nova Escola, Ana Lígia Scachetti, explica que a melhora na saúde mental se deve ao costume da nova rotina.

Para Rodrigues, o estresse causado pela pandemia também dificultou a adaptação no modelo virtual “falta de contato e a correria para trazer a aula presencial para uma plataforma online gerou uma ansiedade muito grande, era como se estivesse começando a minha vida de docente novamente”, conta.

A pesquisa também investigou a volta à escola. Segundo os dados, em uma escala de 0 a 6 — sendo 0 muito inseguro com a volta presencial e 6 muito seguro —, a média das notas foi de apenas 2,8. Apenas 19% dos respondentes sentem-se seguros — 30,4% afirmaram que se sentem inseguros, 40,6%, nem inseguros nem seguros.

Outro ponto para receio da volta presencial é os níveis de conhecimentos dos alunos, com 62,8% das respostas. Na sequência, estão a ansiedade (55%), o ensino híbrido (39,7%) e a busca ativa dos estudantes (35,8%). Ana Lígia explica que um dos motivos pelo receio, pode ser a preocupação da falta de imunização para crianças e jovens e as possíveis novas variantes.

André fala que apesar de estar imunizado, ainda não se sente completamente seguro com a volta às aulas .“É ruim para os alunos que estão em casa e para os que estão na aula, porque você tem que dividir essa atenção e acaba que alguns participam mais que outros. Têm alunos que eu via com frequência nas aulas antes mas que hoje, depois da pandemia, pararam de ir a escola”, relata.

Os educadores também apontaram dificuldades em ter apoio psicológico, 73% dos educadores afirmaram que não têm suporte para cuidar da própria saúde mental. Os motivos são falta de condições financeiras (31,7%), não ter tempo disponível (18%) e não acreditar que é importante para si (12,7%).

Para Augusto, falta um olhar para os professores e suas dificuldades. "Hoje, a maioria dos professores não tem plano de saúde, algumas escolas públicas contam com psicólogo, mas é exclusivo para os alunos. O emocional doente pode trazer novas doenças”, afirma o professor.

Correio Braziliense



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