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11/10/2021 06:00:00

Família diz que tinha monstro dentro de casa: estudante de medicina é acusado de ter abusado de quatro crianças


Família diz que tinha monstro dentro de casa: estudante de medicina é acusado de ter abusado de quatro crianças

Uma história de abusos em família, como nunca foi vista em Teresina, Piauí,  está mobilizando a opinião pública. Um jovem estudante de medicina, de 22 anos, está sendo acusado de estupro de vulnerável após relatos dos próprios parentes à polícia de que ele teria estuprado duas primas, uma delas hoje com 13 anos, e duas meninas de 9 e 3 anos, que são irmãs dele. Todas já relataram esta semana os acontecimentos diretamente à Justiça, com o acompanhamento de psicólogos. Diante da notícia de que Marcos Vitor Aguiar Dantas Pereira teria fugido para o exterior, o advogado Rodrigo Araújo, que representa as vítimas, diz que o Ministério Público vai pedir a prisão preventiva do estudante e possivelmente fazer um comunicado internacional de buscas pelo suspeito à Polícia Federal. A madrasta de Marcos Vitor e a irmã dela, mães das crianças, já o tratam como foragido.

O caso veio à tona depois de anos de convívio de Marcos Vitor com as meninas. Quando ele tinha apenas 8 anos, o pai dele foi viver com P.L. (que pediu para não ter o nome identificado). O casal de classe média, que mora na Zona Leste de Teresina, teve duas filhas, que teriam sido vítimas do irmão. A família acredita que os abusos tenham começado quando ele era adolescente, mas ninguém nunca percebeu nada. Nos depoimentos feitos no tribunal, as crianças contaram que ele se trancava com elas no quarto e tocava nelas.

Marcos Vitor se mudou para Manaus há cerca de dois anos, para cursar medicina. Os relatos começaram a ser expostos à família em julho deste ano, depois que uma prima contou ter sofrido abusos dele. A filha da advogada Priscila Karine Coelho Campos, irmã da madrasta de Marcos Vitor, faz tratamento psicológico desde os 6 anos, teve mudanças de comportamento e chegou a tentar suicídio. Hoje com 13 anos, a adolescente contou o que havia acontecido.

Ela relatou que foi abusada pelo primo pelo menos entre os 5 e 10 anos e que ele tocava em suas partes íntimas. Os abusos, relatados pela jovem, teriam começado durante uma viagem com toda a família das duas irmãs ao Uruguai. Priscila conta que depois de contar à família sua filha começou a apresentar melhoras.

— A menina tomava antidepressivo desde pequena, vivia triste, calada. E ninguém entendia por quê. É uma monstruosidade. A partir daí, a madrasta dele começou a desconfiar que o mesmo poderia ter acontecido com as filhas. Ela perguntou a ele que confessou o crime, mas desde então não foi mais visto — diz o advogado Rodrigo Araújo, que trabalha como assistente do Ministério Público no caso.

O pai de Marcos Vitor é empresário e, depois que o escândalo teve início, ele e P.L. se separaram. O rapaz ainda não compareceu para depor na Polícia Civil do estado. As crianças foram ouvidas na Justiça para que não tenham que ser submetidas duas vezes a um depoimento extremamente traumatizante.

— Ele sempre foi criado como filho, ia em viagens da família. Quando ele passou para medicina em Manaus, minha família organizou tudo para ele ir. Depois que minha sobrinha contou o que ele fazia, minha mãe disse para ficar de olho nas minhas filhas. Questionei minha filha de 9 anos, mas pensei “ele não faria isso com a própria irmã”. Sempre morou junto, ninguém via nada de diferente. Ela me confirmou, chorando. Depois minha filha de 3 anos também confirmou — conta a madrasta.

De acordo com Araújo e com a madrasta, Marcos Vitor confessou o crime por meio de mensagens trocadas com ela por aplicativo de celular.

Num longo relato, atribuído a ele, o estudante diz: “Essa foi uma parte obscura da minha vida que me envergonha muito e que eu nunca queria voltar. Não existe nada que justifique o que aconteceu, nada que me exima. Eu só posso pedir perdão para você e toda a família que me acolheu muito bem. Eu faço o que for preciso para tentar reverter todo o impacto negativo que eu causei, o que for preciso para deixar esse passado de lado. Eu tenho minhas irmãs e para mim pode-se dizer que elas são minha vida. Eu não posso ver uma criança na UBS que eu digo o quanto tenho saudade delas”, que acrescentou que seu sonho era levar as irmãs para estudarem nos EUA, para construírem uma carreira que ele mesmo não teria tido a oportunidade. Na mesma conversa, ele ainda teria completado: “Eu vou entender se não me perdoarem, eu também não sei e me perdoaria, mas quero que saibam que aquele não sou eu”.



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