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28/10/2009 00:00:00

Economia


Economia

com o estadão // fernando nakagawa, brasilia

A possibilidade de o Banco Central (BC) elevar a taxa básica de juros (Selic) em 2010 já começa a se refletir no bolso do consumidor. Divulgado ontem pelo BC, um levantamento preliminar referente aos primeiros dias de outubro revela que os bancos estão pagando mais para obter dinheiro no mercado e passaram a cobrar mais dos clientes. É a primeira vez em dez meses que a taxa sobe.

Ao mesmo tempo, os bancos aumentaram a margem nos financiamentos - spread bancário - e os clientes estão tomando mais crédito em linhas caras, como o cartão de crédito e o cheque especial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que é "quase" um assalto a taxa para o cheque especial e o cartão de crédito (ver ao lado).

Na média dos empréstimos para as pessoas físicas, o juro subiu de 43,6% ao ano em setembro para 46% em 13 de outubro. Antes dessa alta, o governo comemorava porque, no mês passado, a taxa ao consumidor estava no menor nível da série iniciada em julho de 1994. Nos empréstimos a empresas, a elevação foi menor: de 26,3% para 26,4% no mesmo período.

Parte do aumento é consequência da expectativa do mercado financeiro de que a Selic poderá subir em 2010, em reação à economia aquecida. A aposta ganhou força entre analistas em setembro, quando o mercado de juros futuros indicava que boa parte dos bancos já trabalhava com tal cenário.

Diante do quadro, os bancos começaram a pagar mais para captar dinheiro de investidores, principalmente nas operações com vencimento a partir de 2010. Por isso, o chamado custo geral de captação subiu em setembro pela primeira vez desde outubro de 2008. Na média, a taxa paga pelos bancos para conseguir dinheiro para emprestar às pessoas físicas passou de 9,8% ao ano em agosto para 10,2%, no mês passado. Em outubro, já está em 10,7%.

Para o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, outro fator que explica o aumento do juro em outubro é a mudança na composição do crédito tomado pelos clientes, sobretudo pessoas físicas.

Segundo ele, empréstimos caros como cartão de crédito e cheque especial estão sendo mais usados. O movimento influencia os números globais do mercado, já que a média dos juros, por exemplo, é ponderada conforme as taxas e o volume de operações realizaffs.

SPREAD

Além de o dinheiro disponível estar mais caro, os bancos aumentaram o spread. Segundo o BC, a diferença entre a taxa de captação e o juro cobrado das pessoas físicas subiu 1,9 ponto porcentual entre setembro e 13 de outubro, para 35,3 pontos.

"Parte do mercado começou a especular sobre a possibilidade de a Selic subir em 2010 e quem concede crédito pode estar usando essa questão para ganhar, seja na captação como na margem", diz o economista Roberto Macedo, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo.

Ao apresentar os números, Maciel, do BC, afirmou que a alta das taxas ainda não representa a criação de uma tendência. "A alta do custo de captação reflete a expectativa de alguns agentes financeiros de que o juro pode subir em 2010. É um movimento ainda incipiente."


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