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Economia
04/09/2021 16:00:00

Fuga da poupança: caderneta tem maior saída de recursos para meses de agosto da história


Fuga da poupança: caderneta tem maior saída de recursos para meses de agosto da história

Em meio à alta do endividamento e juros mais elevados, agosto deve ser o mês com a maior saída da poupança da história, com exceção dos meses de janeiro, quando tradicionalmente as pessoas sacam dinheiro para pagar dívidas do início do ano.

Dados do Banco Central mostram que, até a última sexta-feira, esse saldo ficou negativo em R$ 10 bilhões no mês passado. Quando se considera apenas os dados do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), os saques superaram os depósitos em R$ 9,1 bilhões, enquanto a poupança rural ficou negativa em R$ 914,7 milhões.

Na avaliação de especialistas, esse cenário está relacionado com as dificuldades que a população vem enfrentando de pagar as contas em um cenário de elevado desemprego e inflação alta.

“Tradicionalmente, a poupança tem saldo negativo quando se tem um cenário de crise. Em 2015, 2016, quando enfrentávamos retração da economia, quase todos os meses foram negativos. É natural que as pessoas saquem o dinheiro guardado como complemento da renda”, aponta Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP.

Juros altos e reabertura da economia

Essa saída da poupança acontece em meio à alta da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 5,25% ao ano –para o final do ano, as expectativas do mercado já estão em 7,5%.

Para alguns economistas, parte da saída da aplicação está relacionada também com esse fator: os recursos podem estar migrando para fundos de renda fixa –que já atraíram quase R$ 200 bilhões neste ano — e CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), que também estão captando recursos em um ritmo recorde.

Além disso, muitos estados estão reabrindo totalmente comércio e serviços em meio à queda nos casos de covid, o que também acaba estimulando o consumo. Para João Beck, economista e sócio da BRA, esse é o cenário mais provável. “Não acredito numa migração para outros investimentos. Diria que é fluxo direcionado para o consumo de bens e serviços conforme ocorre a abertura econômica”.

Endividamento recorde

Dados de uma pesquisa da Fecomercio também ajudam a entender essa saída da poupança: 67,2% das famílias na cidade de São Paulo possuem algum tipo de dívida, a maior taxa da história.

As dívidas no cartão de crédito respondem pela maior parte dos débitos: 80,7% dos paulistanos possuem pendências nessa forma de pagamento. Em seguida, aparecem os carnês, com 18,6% do total, o maior percentual desde agosto de 2015. “Antes, as pessoas iam no supermercado e a conta saía, vamos dizer, R$ 300. Hoje, saltou para R$ 400. Aí elas parcelam. É meio que um salve-se quem puder”, afirma Dietze, da entidade.

Esse não é um fenômeno que atinge somente os pobres. Os números da Fecomercio mostram que 62,2% das famílias que ganham mais de 10 salários mínimos no mês possuem algum tipo de pendência, contra 68,9% das com rendimentos até 10 salários.

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