As concessões florestais têm o objetivo de gerir as florestas públicas brasileiras, promover a produção sustentável e estimular o desenvolvimento econômico regional, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Entretanto, Edson Vidal, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, alerta que, se não for reavaliado, o modelo de produção madeireira se esgotará em 35 anos, mesmo se a área de produção for aumentada em mais de 20 vezes. Em estudo recém-publicado, os pesquisadores analisaram 27 diferentes cenários de produção e apenas um modelo é sustentável, mas atende a apenas 31% da demanda do mercado atual de madeira. “Precisamos repensar o manejo de floresta nativa”, afirma Vidal.
A política de concessões florestais é vigente desde 2006, regida pela Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei 11.284/2006), que permite ao poder público conceder a pessoas jurídicas – o que inclui empresas, cooperativas e associações de comunidades locais – a permissão para realizar o manejo florestal sustentável para extrair produtos madeireiros, como informa o Serviço Florestal Brasileiro (SFB). As técnicas de manejo florestal sustentável buscam garantir um equilíbrio entre a exploração e a sustentação da floresta, por isso as áreas cedidas para produção passam por rodízios, ou ciclos de corte, que visam à recuperação da floresta e à continuidade da extração. Porém, a incapacidade das práticas nos atuais modelos de acompanhar a demanda do mercado preocupa os pesquisadores.