“A classe médica tem trabalhado durante esse ano numa luta árdua, grande”. Assim o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), Marcos Holanda, descreveu a situação enfrentada diariamente pelos profissionais da saúde no combate à pandemia do novo coronavírus.

O médico fez questão de salientar, também, a dedicação dos enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem, nutricionistas, assistentes sociais e de toda a equipe de saúde.

No entanto, no decorrer de quase 380 dias de combate à pandemia, consequentemente você vai vendo que as pessoas vão cansando, relatou Holanda, explicando que, por mais que tenha tido um episódio de dois ou três meses de uma “calminha”, tudo voltou com grande violência.

O médico observou que o cenário “deu uma piorada” após as eleições, quando começaram as aglomerações, seguidas de feriados, Natal, Réveillon e depois o Carnaval e “agora nós estamos pagando toda a consequência destes atos”.

As implicações desse relaxamento estão agora nas complicações provocadas pelo aumento de pacientes, que é muito superior ao registrado no ao ano passado. Porém, segundo o médico, o que se constata agora é que o número de adultos jovens, entre 36 e 56 anos, com Covid-19 aumentou cerca de 36%.

No limite

Toda essa demanda depois de tanto tempo vai fazendo com que haja um cansaço de toda a equipe médica e de todos os outros trabalhadores da área. “O médico fica com aquele peso porque é o chefe da equipe e tem a responsabilidade da vida que está ali, das orientações e do trâmite, obviamente que sozinho ele não faz nada, mas tem a responsabilidade da vida e aquele peso maior sobre seus ombros”, comentou Marcos Holanda.

O médico explicou ainda que essa pressão tem feito vários colegas se afastarem das funções por não aguentarem mais a situação. “São trabalhadores que estão na linha de frente, correndo atrás e tentando fazer o melhor para salvar a população”, defendeu.

Ciente de que sempre é bom lembrar, Marcos Holanda ressaltou que as pessoas precisam ter mais consciência e um pouco mais de paciência em relação a tudo o que está ocorrendo com pandemia. “Quem puder, fique em casa, mantenha os hábitos de higiene, use álcool para higienizar, mantenha o distanciamento e e evite aglomerações nesse período”, sugeriu.

As recomendações se fazem necessárias, uma vez que os hospitais estão todos lotados, alertou o presidente do Sinmed, e afirmou que essa situação é um desgaste emocional para os médicos, e para todos os componentes da equipe.  Estamos vendo a situação se aproximando cada vez mais de nós e isso diz respeito ao nosso futuro e às nossas famílias.

“Hoje os hospitais estão sem leitos. Tem um hospital particular que está com grande quantidade pacientes internados. Nas UTIs, os colegas assistem vários pacientes intubados, um ao lado do outro, outros morrendo e sendo colocados em sacos um ao lado do outro. Vi pacientes ficarem na porta do atendimento 24 horas no respirador, porque não tinha vaga em leito de UTI”, relatou o médico, descrevendo a situação enfrentada diariamente para salvar vidas.