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O dinheiro em espécie continua em alta na zona do euro, apesar do crescimento dos cartões de débito e dos pagamentos sem contato. Segundo o Banco Central Europeu, a pandemia acelerou esta tendência.
Apesar de cédulas e moedas representarem uma parcela cada vez menor das transações diárias na zona do euro, o valor do dinheiro em circulação quase dobrou na última década.
O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, apelidou a situação de “paradoxo das notas”. O fenômeno tem duas justificativas: a demanda pela moeda fora da zona do euro, e europeus que guardam dinheiro em casa.
Mais de € 1,4 trilhão (US$ 1,7 trilhão) de notas estavam em circulação no final de 2020, valor que é 11% maior do que no ano anterior. Apesar disso, as evidências apontam que apenas um quinto do total é usado em transações dentro da área monetária.
Estudos mostram que de 30% a 50% do valor é mantido fora do bloco, principalmente por economias em desenvolvimento com uma infraestrutura de pagamentos pouco desenvolvida, com poucas opções confiáveis para guardar seu dinheiro.
O resto, talvez 50% do valor, é guardado fisicamente por famílias, companhias e bancos. Uma pesquisa mostra que um terço das famílias da zona do euro guardava dinheiro em casa em 2019 – a maior parte guardava pequenos valores, mas há casos de pessoas que deixavam mais de € 10 mil em casa.
O crescimento do dinheiro em espécie foi intensificado durante a crise do coronavírus, em um ritmo que se compara apenas ao período de colapso do Lehman Brothers Holdings, em 2008.
“Como em outras crises, o aumento da demanda por dinheiro em espécie é motivado por precauções, mas essa demanda vem principalmente das áreas fora da zona do euro”, mostra a pesquisa. “No futuro, serão necessárias mais evidências para entender como dinheiro vai ser usado como a pandemia acabar”.
(Com Bloomberg)
