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07/09/2009 00:00:00

Polícia


Polícia

Depois de onze anos de impunidade e sofrimento dos familiares das vítimas, os acusados no assassinato da deputada federal Ceci Cunha, ocorrido no dia 16 de dezembro de 1998, serão julgados nesta quinta-feira (10), pelo Supremo Tribunal da 5ª Região, sediado no Recife. A informação foi colhida com exclusividade para o Alagoas em Tempo, pelo filho da ex-deputada Federal, Rodrigo Cunha.


Durante mais de nove anos o processo mal elaborado se encontrava no Ministério Público Federal, enviado ao Recife pelo Ministério Público Estadual, onde constava apenas o nome do ex-deputado federal Talvane Albuquerque como mandante do crime e não constavam os nomes dos demais envolvidos como os autores materiais da chacina na qual morreram, além de Ceci Cunha, o esposo dela Juvenal Cunha da Silva, e os familiares Íran Carlos Maranhão Pureza e Ítala Neide Maranhão Pureza. O caso que chocou o país ficou nacionalmente conhecido como a Chacina da Gruta, numa referência à localidade Gruta de Lourdes, em Maceió, palco da cena sangrenta.


O processo constando apenas o nome do ex-deputado Talvane Albuquerque tramitou na justiça estadual durante quase sete anos e, por força da decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas, foi reconhecida que a competência para o julgamento era da Justiça Federal, já que a motivação do crime, seria a busca a todo custo de garantir uma vaga para Talvane na Câmara dos Deputados, na legislatura 1999 a 2002.


“Por falta dos nomes do autores materiais, o processo enviado ao MPF, foi devolvido à justiça alagoana, que demorou oito meses para anexar os nomes dos demais envolvidos Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Silva. O julgamento dos acusados na morte da minha mãe, seria no dia 20 passado, mas, por artifício da defesa, que alegou ao juiz que o advogado dos acusados não poderia comparecer ao julgamento porque tinha um outro caso a resolver em São Paulo, foi marcado uma nova data que será esta semana, na quinta-feira, dia 10, no Tribunal Federal das quinta região sediada no Recife.


Retrospectiva


O Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL) pediu a condenação do ex-deputado federal Talvane Albuquerque nas alegações finais apresentadas no processo que apura do assassinato da deputada federal Ceci Cunha e de três familiares dela. A chacina aconteceu em 16 de dezembro de 1998, no bairro da Gruta, em Maceió. O procurador da República Gino Sérvio Malta Lôbo também pediu nas alegações finais a condenação de Jadielson Barbosa da Silva, Alécio Alves, José Alexandre e Mendonça Medeiros, como autores materiais da chacina.


O caso tramitou durante seis anos na Justiça Estadual, até ser reconhecida a competência da Justiça Federal, já que o inquérito policial concluiu que a motivação do crime estava ligada ao cargo federal para o qual Ceci Cunha havia sido eleita. Talvane Albuquerque ficou na primeira suplência da coligação e encomendou o crime para tomar posse no cargo de deputado federal.
O procurador da República classificou o processo como sendo de extrema complexidade. Os 25 volumes e nove apensos que totalizam mais de seis mil páginas são o resultado da fusão de dois processos que inicialmente correram simultâneos, um contra os autores materiais na Justiça estadual e outro contra o mandante Talvane Albuquerque, que correu no Supremo Tribunal Federal e só depois, com o fim do foro privilegiado, foi devolvido para a Justiça de Alagoas. “Por conta disso, há graves problemas para se trabalhar com o caso, inclusive por conta de provas e depoimentos que se repetem”, explica o procurador da República.
 

Apesar disso, para o MPF não há dúvida quanto à culpa dos réus. “Com base nas provas existentes nos autos, restou evidenciada a culpabilidade dos réus pela bárbara chacina que comoveu a sociedade alagoana e repercutiu em todo o País”, garante Gino Sérvio.
A Confissão

O acusado Mendonça Medeiros confessou em depoimento prestado à Polícia Federal, registrado em uma fita VHS, que participou da trama para matar a Deputada Federal Ceci Cunha.

Ele disse que foi ao Fórum para confirmar a presença da Deputada e avisar aos executores da chacina. Disse ainda que deu fuga a Jadielson Barbosa, Alécio Vasco e José Alexandre e que na fuga ouviram pelo rádio que a Deputada e mais três parentes haviam sido assassinados.

Veja com exclusividade no site alemtemporeal.com.br, desta segunda-feira,7, em vídeo cedido pelo site www.queremosjustica.com.br a confissão do acusado Mendonça Medeiros que relata de maneira fria e calculista a trama, execução e fuga do crime e o ultimo pronunciamento da deputada antes de ser assassinada.


Ceci Cunha


Nascida no dia 15 de agosto de 1949, em Feira Grande, interior de Alagoas, seu nome deveria ter sido Josefa Ceci Santos, mas um erro no momento do registro fez com que constasse na certidão de nascimento o nome de Josefa Santos. Nem por isso deixaram de lhe chamar de Ceci.


Vinda de uma família humilde de agricultores composta por nove filhos, que lhe transmitiu valores cristãos e morais, aprendeu desde cedo que, o que importava não era o tamanho da dificuldade e sim a forma como as enfrentava. Teve infância muito difícil. A necessidade de cortar palma quando criança deixou-lhe cicatrizes permanentes na mão. Criada para ser dona-de-casa, sua mãe a proibia de estudar, por considerar que isto seria perda de tempo. Por isso, Ceci esperava a mãe dormir para poder pegar nos livros, demonstrando desde cedo uma de suas principais características: que nada a afastava de seus sonhos e objetivos.


Seus sonhos não estavam plantados naquele momento no sofrido agreste alagoano. Ceci queria ser médica, professora e ajudar as pessoas sofridas. Conseguiu convencer a mãe e mudou-se para Maceió, para casa de amigos de seu pai. Estudou Medicina na Ufal, formando-se em 1975. Especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, cidade onde casou com Juvenal. Com ele, formou uma família com dois filhos: Adriana e Rodrigo.


Ao retornar a Aagoas em 1978, Ceci foi médica na cidade de Arapiraca, sendo reconhecida pela competência e dedicação. Suas qualidades a levaram a se eleger em 1988 a vereadora mais votada por Arapiraca. Foi reeleita em 1992. Interrompeu esse mandato em 1994, quando foi eleita para deputada federal. Em todas as gestões a saúde e qualidade de vida do povo alagoano eram suas prioridades. Foi reeleita deputada 1998 com mais de 55 mil votos, uma das maiores votações daquele pleito. Isto despertou a inveja de quem não se conformou com a derrota e precisava de um mandato político para se proteger no manto da impunidade.


Em 16 de dezembro de 1998, após ter sido diplomada para continuar seu trabalho a favor dos alagoanos por mais quatro anos, Ceci foi brutalmente assassinada, juntamente com seu marido Juvenal Cunha, seu cunhado Iran Carlos Maranhão e Ítala Maranhão, mãe de Iran, quando foi visitar sua irmã que havia acabado de dar à luz ao seu primeiro filho. Estavam sentados na varanda quando foram surpreendidos com os bandidos fortemente armados. Ceci estava de costas e morreu segurando uma flor branca que havia ganho. Sua morte interrompeu uma vida de trabalho ao próximo e de benefícios incalculáveis a todo o Estado de Alagoas. Seu enterro contava com mais de 50 mil pessoas, quase tantas quantas a elegeram, desoladas e chocadas com a brutalidade do crime. Sua morte foi notícia nacional e internacional.
Com informações do site www.queremosjustica.com.br
 

por Jornal Alagoas em Tempo


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