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Educação
12/02/2021 08:00:00

Qual é a nova função dos professores como estrategistas educacionais?


Qual é a nova função dos professores como estrategistas educacionais?

Em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo (características condensadas no acrônimo em inglês VUCA), algumas pautas ligadas à agenda da educação tiveram de sair do campo das ideias em uma sexta-feira para serem implementadas na semana seguinte. É o que pensa a educadora Emilly Fidelix, especialista em Tecnologias, Comunicação e Técnicas de Ensino, sobre o ano de 2020.

“De algum modo, precisaremos aprender a lidar com o incerto, com essa complexidade e, principalmente, com a volatilidade que os novos tempos nos trazem”, afirma. Doutoranda em História Global e criadora da página @seligaprof no Instagram, espaço dedicado a temas como metodologias ativas, inovação na educação e formação de professores, Fidelix acredita que precisamos repensar a nossa visão sobre a escola, a figura do professor e o ensino.

“Durante muito tempo, o foco da educação foi no ensino, na transmissão de conteúdo. Hoje, e cada vez mais, nos voltamos para o outro lado, a aprendizagem. Como aprendemos? Como medir a aprendizagem? Isso é possível? Como auxiliar meus estudantes no processo de aprendizagem?”, questiona.

Em sua página na rede social, onde é acompanhada por mais de 50 mil seguidores, a educadora se dirige a professores para tratar de assuntos como o protagonismo dos estudantes em sala de aula, ensino híbrido, criatividade dos docentes e até a possível monotonia das novas e intensas aulas on-line. Tudo isso com muitos memes e bom humor.

“Professor é o elo fundamental na construção desse processo, seja on-line ou off-line. Mas essa figura é fundamental não pela transmissão de conteúdos, mas pelo o que representa aos seus estudantes: é o seu olhar atento, os seus questionamentos instigantes, a sua sensibilidade em entender que talvez aquela nota baixa não tenha sido falta de dedicação, mas algum problema familiar, por exemplo. Isso é o que nos diferencia das máquinas: somos humanos como nossos estudantes e é essa experiência que deve ser explorada dentro e fora de sala de aula.”

Assim, para Fidelix, o educador como “estrategista educacional” domina o ensino tradicional, vê importância na aula expositiva, mas vai além. Costura possibilidades, atua como mediador e conduz o processo de ensino e aprendizagem, reconhecendo no educando sua autonomia nessa estrada a ser trilhada.

“A nova função dos educadores estrategistas educacionais é entender que, em uma sala de aula, existem diversos universos, com histórias de vida diferentes e interesses diferentes. Esse educador é sensível a isso, e constrói formas, propondo desafios que trabalhem sua criatividade, que desenvolvam seu senso crítico, a curiosidade, a pesquisa, a experimentação. É um trabalho mental muito grande, especialmente no planejamento”, explica.

Fidelix, que sempre estudou em escolas públicas e teve grande parte de sua experiência como docente na rede pública de ensino, indica a melhoria das condições de trabalho e das estruturas das instituições como prioridade no cenário da educação brasileira. “É louvável o esforço e a criatividade que professores e professoras de todo o país têm ao criarem projetos e atividades estupendas. Mas todos merecemos condições adequadas para que a aprendizagem de fato seja significativa. Temos talentos incríveis sendo desperdiçados todos os dias, por não terem nem a oportunidade de descobri-los. São muitos talentos ocultos, acredite, nesse Brasil afora.”

Com as trocas proporcionadas pelo projeto @seligaprof, que nasceu, por sinal, dentro de uma escola e com nome dado por um estudante, ela espera apoiar professores em um caminho de reinvenção e inovação, com a partilha de práticas, metodologias e habilidades.

“É preciso construir uma nova cultura escolar, explorar outros métodos e dar voz aos estudantes, conhecê-los, promover espaços de diálogo para que eles também sejam protagonistas dessa mudança. Costumo dizer que toda profissão tem sua caixa de ferramentas, e com o professor não é diferente. Em nossa caixa de ferramentas devemos ter métodos, abordagens, ferramentas digitais e intencionalidade, para que o percurso seja traçado com objetivos claros e significativos.”

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