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Especial
10/02/2021 22:00:00

'Pobreza extrema pode ser ainda maior do que a verificada antes da pandemia', diz economista


'Pobreza extrema pode ser ainda maior do que a verificada antes da pandemia', diz economista

Após o fim do Auxílio Emergencial, cerca de dois milhões de brasileiros foram levados para a pobreza apenas no mês de janeiro de 2021, o que representa ao todo 13% da população do país.

Durante o pagamento do benefício, a taxa de pobreza chegou a recuar para 8% da população, e a da extrema pobreza — brasileiros com renda per capita abaixo de R$ 150 ao mês — caiu de 3% para 1%. Foram os menores patamares registrados pelo Brasil desde a década de 1970, quando as pesquisas domiciliares começaram a ser realizadas. A informação foi veiculada pelo portal G1.

Para uma avaliação do tema, a Sputnik Brasil conversou com Marina Sanches, doutoranda em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e economista do Made, o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades.

"Estamos em um cenário de queda brusca do rendimento das famílias, uma das maiores crises já enfrentadas pelo país. É uma crise econômica, não apenas sanitária [...] O fim do auxílio emergencial já apresenta preocupações para os economistas. Há uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas que aponta que a pobreza extrema pode ser ainda maior do que a verificada antes da pandemia de COVID-19 em razão do auxílio emergencial", declarou a economista.

Segundo ela, isso significa 3,4 milhões de brasileiros a mais ingressando na extrema pobreza, segundo a definição do Banco Mundial (BM): pessoas sobrevivendo com menos de US$ 1,90 (R$ 10,20) por dia. O número total de brasileiros seria portanto da casa de 17,3 milhões em 2021 dentro dessa faixa, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE.

"Esse é o pior patamar desde o início da pesquisa desde 2012", diz Marina. "O auxílio emergencial teve um efeito estabilizador muito importante, nós estimamos que o PIB poderia ter caído de 8,4% a pouco mais de 14% se não fosse a ajuda".

Endividamento público e crise fiscal

Com o Brasil enfrentando uma severa crise fiscal desde 2014, manter o pagamento do Auxílio Emergencial passou a ser uma conta difícil de ser fechada pela equipe econômica. Nas últimas semanas, o debate pela volta do benefício ganhou força com a piora dos números da pandemia.

No ano passado, com todas as medidas adotadas pelo Governo Federal, a dívida bruta alcançou 89,3% do Produto Interno Bruto (PIB), uma alta de 15 pontos percentuais em relação a 2019.



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