A ocupação de leitos de UTI para pacientes graves da Covid-19 no país voltou a preocupar especialmente nas três capitais do sul do país, que, no início da pandemia, registravam relativo controle da doença, e em Vitória, no Espírito Santo.
Também voltaram a subir as internações em Manaus, cidade cujas imagens de enterros em série nas valas coletivas rodaram o mundo.
Em ao menos seis capitais (Vitória, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Manaus e Rio de Janeiro), a ocupação de leitos de UTI estaduais chega ou supera 80%, segundo levantamento da Folha de S. Paulo com prefeituras e governos estaduais.
E o número pode ser maior, já que Recife e Macapá, por exemplo, não informaram dados, mas seus estados apresentam taxas elevadas de lotação, de mais de 70% — e leitos de UTIs tendem a se concentrar a maioria nas capitais.
No Sul, há excesso de pacientes graves com Covid-19 em todas as capitais. São 87,76% dos leitos de UTI ocupados em Florianópolis, 85,38%, em Porto Alegre, 85,39%, e 82%, em Curitiba.
No Paraná, 56% de UTIs, em geral, receberam pacientes da doença, mas em Curitiba alguns hospitais particulares estão trabalhando com capacidade máxima.
Diante do avanço da pandemia na cidade, a prefeitura suspendeu cirurgias eletivas (não urgentes), mas também autorizou a volta às aulas de crianças com menos de dez anos em escolas particulares. O comércio também continua aberto na capital.
O ensino público presencial, estadual e municipal, no entanto, tende a retornar somente no ano que vem.
Santa Catarina tem aumentado seus números de contaminados. No estado, a ocupação das UTIs, na terça, era de 75,66%, e Florianópolis está sob “risco gravíssimo”.
A governadora interina, Daniela Reinehr (sem partido) recebeu diagnóstico de Covid-19 na última semana. Ela chegou a apagar das redes sociais uma mensagem em que pedia para a população usar máscara.
O Rio Grande do Sul tinha 74,9% das UTIs ocupadas. Na capital gaúcha, onde a ocupação era de 85,39%, há hospitais com ocupação total, como o Moinhos de Vento, segundo os dados da prefeitura.
Porto Alegre havia sido considerada região de “risco alto”, no mapa divulgado pelo governo gaúcho na última sexta-feira (13). Porém, após recurso do município, o governo considerou a capital gaúcha como “risco médio”, sem restringir serviços e atividades econômicas.
O prefeito da capital, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) anunciou na terça (17) que seu exame deu positivo para Covid-19.
“Meus sintomas são leves e estou em casa, cumprindo isolamento. Aproveito para pedir novamente que os porto-alegrenses não descuidem dos protocolos e, se sentirem algum sintoma, que procurem nossa rede de saúde”, escreveu Marchezan em uma rede social.
A rede soma leitos públicos e privados, filantrópicos e federalizados contratados ou contratualizadas pela gestão de Renato Casagrande (PSB). O estado registrou 172.924 casos e 4.037 mortes relacionadas à doença.
No Amazonas, todas as UTIs se concentram na capital, a primeira a sofrer colapso na rede de saúde. Enquanto sobe a taxa de ocupação dos leitos no Estado, hoje de 82%, reduziu-se de 223 para 142 o número de leitos só para a doença desde agosto.
Na última terça-feira (17), Manaus superou a marca de 3.000 mortos na pandemia. No mesmo dia, a Prefeitura de Manaus publicou um decreto que mantém fechada, até 31 de dezembro, a praia da Ponta Negra, principal balneário público da capital.
Também merece atenção o vizinho Pará, entre os estados que mais reduziram leitos da doença na pandemia. Na capital, Belém, a taxa de ocupação é de 73%, mas em geral os leitos distribuídos pelo estado mantêm índice de 50%.
No Amapá, estado que vive situação de caos com o apagão elétrico nas últimas semanas, também convive com o avanço da pandemia. São 79% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados no estado, que chegou a cancelar cirurgias eletivas durante a falta de fornecimento de energia.
No Rio, o aumento da doença voltou a preocupar. Na capital, 80% das cerca de 520 vagas de UTI públicas (somando as redes municipal, estadual e federal) estavam cheias na última terça (17).
Se for considerada apenas a rede municipal, a ocupação era de 97% dos 251 leitos municipais da capital estão lotados com apenas oito leitos vagos.